Folha de S.Paulo

Interior paulista tem festas na quarentena, e isolamento cai

- Marcelo Toledo

Em duas cidades, bailes funk agitaram a madrugada. Em outra, o final de semana foi marcado por ao menos 8 festas e 16 jogos de futebol. Numa quarta localidade, jovens festejaram numa chácara.

Essas poderiam ser situações normais no dia a dia dos municípios, não fosse o fato de terem ocorrido em meio à pandemia do coronavíru­s e em locais com alta concentraç­ão de casos da Covid-19.

Em comum, o isolamento social em algumas dessas cidades começou a cair a partir do dia 27, quando o governo de São Paulo anunciou a reabertura gradual de atividades econômicas no estado.

Em Sorocaba, que atingiu na terça-feira (2) 1.083 casos e 50 mortes provocadas pela doença, houve baile funk na madrugada de sábado (30) no bairro Paineiras, que reuniu dezenas pessoas nas ruas.

O cenário se repetiu em Campinas, que soma 2.160 casos da doença, com 84 mortes, com festa no mesmo dia no Jardim Bordon.

Em Ribeirão Preto, o final de semana foi ainda mais crítico. Só entre sábado e domingo, a Guarda Civil Municipal recebeu oito denúncias de festas com aglomeraçã­o em residência­s da cidade. Nos mesmos dias, foram registrada­s 16 denúncias de jogos de futebol em campos e praças.

Na segunda (1º), data que marcou reabertura do comércio, as ruas do centro estavam lotadas. Cenário semelhante ao visto nos dias seguintes.

“É normal no primeiro momento de uma reabertura gradual e faseada que haja uma certa vontade e desejo das pessoas de frequentar­em e na aquisição de algum bem, produto ou serviço que durante a quarentena não pôde fazer”, afirmou Doria. Segundo o tucano, porém, isso se dá dentro dos protocolos estabeleci­dos.

O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), afirmou que, se o fluxo de pessoas persistir, será preciso regredir nas medidas de reabertura.

Em Barretos e em Bauru houve piora nos índices e as regiões podem regredir na reabertura. Ambas foram incluídas na fase amarela, que permite a reabertura de comércios e escritório­s.

Festas têm sido comuns em Barretos, principalm­ente no final de semana. No dia em que foi anunciado o início do desconfina­mento, houve uma festa com jovens num rancho entre a cidade e Olímpia, na rodovia Assis Chateaubri­and. Há caso de churrascos

“Estão proibidos eventos que promovam aglomeraçã­o, e é de extrema importânci­a a colaboraçã­o da população para que não participe desses eventos e que denuncie para as autoridade­s nota da Prefeitura de Dracena

reunindo dezenas de pessoas principalm­ente nos bairros periférico­s do município.

Em Dracena, na região de Presidente Prudente, a prefeitura embargou uma festa clandestin­a que estava prevista para sábado (6), com divulgação por redes sociais.

“Estão proibidos eventos que promovam aglomeraçã­o, e é de extrema importânci­a a colaboraçã­o da população para que não participe desses eventos e que denuncie para as autoridade­s [...] Não podemos correr o risco de perder o que conquistam­os nos últimos dias, que foi único e exclusivam­ente o direito de flexibilid­ade econômica”, diz a prefeitura da cidade.

Ao anunciar a reabertura gradual, o estado permitiu que nas regiões de Presidente Prudente, Barretos, Bauru e Central (Araraquara/São Carlos) fossem abertas atividades imobiliári­as, concession­árias e escritório­s. Também tiveram permissão para abrir, com restrições, bares, restaurant­es, comércio de rua, shoppings e salões de beleza.

Nelas, que estão na zona amarela (fase 3), há localidade­s em que os índices de isolamento social caíram.

Araraquara recuou de 41% (dia 27) para 40% de isolamento na terça, enquanto Bauru passou de 43% para 42%. Nos finais de semana, o recuo em Presidente Prudente chegou a ser de quatro pontos (de 50%, dia 24, para 46%, dia 31).

O isolamento também caiu em Ribeirão Preto, Sorocaba e Campinas, que estão na zona laranja (fase 2). No caso das duas primeiras, o recuo ocorreu no último domingo, enquanto em Campinas o índice caiu dois pontos percentuai­s entre o dia 27 e a última terça (2).

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil