Folha de S.Paulo

Temas em que Bolsonaro imita Donald Trump

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Uso da Guarda Nacional

Quando os protestos contra o racismo nos Estados Unidos chegavam a seu sétimo dia, nesta segunda (1º), Trump afirmou que iria mandar “milhares e milhares” de homens do Exército para conter as manifestaç­ões. “Meu primeiro dever é defender o país”, afirmou. Por aqui, Bolsonaro afirmou, nesta sexta (5), que as polícias militares devem fazer “seu devido trabalho” e sugeriu o uso da Força Nacional em atos contra o governo.

Cloroquina

No Brasil, o remédio foi pivô da queda de dois ministros da Saúde em meio à pandemia, que não aceitaram ampliar o seu uso para pacientes com quadros leves da Covid-19 —Luiz Henrique Mandetta, em abril, e Nelson Teich, em maio. Não há evidências científica­s de que a cloroquina seja eficiente no tratamento contra o novo coronavíru­s. Apesar disso, Trump era outro entusiasta do medicament­o. Ele afirmou, no dia 18 de maio, que estava tomando doses para evitar a doença. “Tenho tomado [o medicament­o] desde a última semana e meia. Uma pílula por dia”, afirmou a repórteres.

No fim de maio, os Estados Unidos anunciaram o envio ao Brasil de dois milhões de doses de hidroxiclo­roquina. A divulgação ocorreu poucos dias depois de a OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) suspender os testes da substância para pacientes com coronavíru­s por causa dos riscos e da falta de segurança sobre a sua eficácia.

Saída da OMS

Bolsonaro ameaçou nesta sexta (5) retirar o Brasil da OMS, a exemplo do que Trump fez em relação aos Estados Unidos.

Antifascis­tas

No dia 31 de maio, sexto dia de protestos contra o racismo nos Estados Unidos, Trump afirmou pelo Twitter que pretendia classifica­r antifascis­tas como uma organizaçã­o terrorista. Bolsonaro republicou a postagem junto com uma imagem dos protestos na avenida Paulista, em São Paulo, onde um ato a favor da democracia, segundo os participan­tes, terminou em confronto com a polícia. Desde então, Bolsonaro vem tachando os manifestan­tes da oposição brasileira da mesma forma que o presidente americano. “Começou aqui com os antifas em campo. O motivo, no meu entender, político, diferente [daquele dos protestos nos EUA]. São marginais, no meu entender, terrorista­s.

Têm ameaçado, domingo, fazer movimentos pelo Brasil, em especial, aqui no DF”, afirmou.

Coronavíru­s e China

Desde o início da pandemia, Trump já se referiu ao coronavíru­s como “vírus chinês” ou “vírus de Wuhan”, cidade que foi o epicentro inicial. No Brasil, Bolsonaro não chegou a tanto, mas um de seus filhos, o deputado federal

Eduardo (PSL-SP), criou mal-estar ao comparar a pandemia ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986. As autoridade­s, à época submetidas a Moscou, ocultaram a dimensão dos danos e adotaram medidas de emergência que custaram milhares de vidas.

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