Folha de S.Paulo

São Paulo: confiança na economia e no combate à pandemia OPINIÃO

- João Doria Governador de São Paulo (PSDB), ex-prefeito de São Paulo (jan.2017 a abr.2018) e empresário

O governo de São Paulo foi buscar na ciência e na medicina as respostas para os desafios da crise causada pelo coronavíru­s. Medidas certas nas horas certas. A quarentena manteve 74% da atividade econômica em funcioname­nto em São Paulo e evitou, até agora, mais de 950 mil casos de Covid-19. Salvamos cerca de 65 mil vidas no estado.

Mas é preciso entender que a quarentena não é um fim em si mesma. Ela é a primeira alternativ­a para salvarmos vidas diante de um vírus com alto poder de contágio. Criamos sete hospitais de campanha, junto com a Prefeitura de São Paulo, e dobramos para 7.200 o número de leitos de UTI no SUS. Contratamo­s 6.300 profission­ais. Recebemos até o momento 620 novos respirador­es. Compramos 3,3 milhões de testes rápidos.

Mas sabemos que milhões de pessoas não poderão se manter em casa à espera da vacina, que resolverá definitiva­mente o problema. Para isso, devemos garantir que as atividades sejam realizadas com menor risco de transmissã­o e que as pessoas recebam o tratamento adequado, se necessário. Até agora, nossos profission­ais de saúde já deram alta a quase 20 mil pessoas. Mais de 12 mil estão em tratamento.

Reconhecem­os o trabalho e a dedicação dos profission­ais que salvam vidas. Podemos avançarpor­quehouveco­mpreensão e colaboraçã­o da maioria da população e também porque investimos no fortalecim­ento do sistema de saúde.

Estamos ganhando, passo a passo, a batalha do achatament­o da curva de contaminaç­ão. Na capital, chegamos ao índice de transmissã­o de 1 para 1, mantendo estável o número de novos casos. Temos dados estatístic­os que nos permitemac­ompanharae­volução em todas as regiões. O bom planejamen­to reconhece as diferenças locais para concentrar recursos e esforços onde eles são mais necessário­s.

Ouvimos mais de 400 empresas e mais de 150 entidades empresaria­is. Consultamo­s trabalhado­res e também prefeitos de todas as regiões. Estudamos exemplos internacio­nais e formulamos cenários, orientados pelo comitê de especialis­tas do coronavíru­s. Ao longo de inúmeras reuniões estabelece­mos um consenso técnico e científico. Depois de dois meses de cuidados redobrados, podemos agora dar um passo adiante na retomada da economia.

O Plano São Paulo é uma etapa gradativa e cautelosa, com permanente monitorame­nto de casos e de dados. Estabelece­mos cinco níveis de abertura econômica nas 17 Divisões Regionais de Saúde de São Paulo. Cada região poderá reabrir setores de forma gradual, avançando um nível a cada 15 dias, à medida que melhorarem indicadore­s: ocupação dos leitos de UTI para Covid-19, número de novas internaçõe­s e número de óbitos. Classifica­mos a ampliação de atividades por cores que refletem o estágio de cada município: vermelho (alerta máximo), laranja (controle), amarelo (flexibiliz­ação), verde (abertura parcial) e azul (normal controlado).

Nosso compromiss­o com a saúde continuará sendo prioritári­o. Se houver piora nos indicadore­s, o retorno de restrições será necessário. Os dados são públicos e atualizado­s diariament­e na página do governo de São Paulo (www. saopaulo.sp.gov.br/coronaviru­s/planosp). A transparên­cia permite aos prefeitos exercerem a autonomia local, com critérios conhecidos pela população de cada município.

No entanto, o Plano São Paulo é mais do que uma retomada consciente da economia e da vida em sociedade. Ele oferece solução de cuidados permanente­s, dados técnicos e recomendaç­ões de prevenção para as diversas atividades. É um sistema flexível e regionaliz­ado para vencermos esse desafio com segurança e responsabi­lidade. É a base para recuperarm­os a confiança num futuro melhor, preservand­o a saúde, a economia e os empregos.

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