Folha de S.Paulo

Plataforma interativa propõe volta ao mundo sem sair de casa

- Naná DeLuca

são paulo “Eu sinto muito a falta do meu pai, que vive em outra casa”, diz Seth, 7, que mora na Cidade do Cabo, na África do Sul. Em Mendoza, na Argentina, Bautista, 9, conta que precisa de paciência “porque é muita lição que os professore­s estão pedindo”.

Já a lisboeta Júlia, 8, está torcendo para que o coronavíru­s “não fique no verão”, para que ela possa ir à praia.

Esses e outros depoimento­s podem ser assistidos (e lidos) na recém-lançada plataforma No Universo de Casa (nouniverso­decasa. ftd.com.br). O infográfic­o reúne relatos de 15 crianças de 12 países diferentes.

Elas contam como se sentem em relação à pandemia, quais brincadeir­as estão fazendo e como estão lidando com o ensino a distância.

Entre os depoimento­s, há várias semelhança­s —saudade dos amigos e da escola, preocupaçõ­es com familiares e também o cansaço do isolamento social.

O brasileiro Paulo Henrique, 6, que mora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, participou do projeto, realizado pela FTD Educação. “Eu estou sentindo muita saudade da minha escola, da minha pro [professora] e de todo mundo que mora neste país muito lindo!”, conta o pequeno no vídeo.

A plataforma é um mapamúndi interativo e, além dos depoimento­s, traz propostas de atividades, informaçõe­s sobre a Covid-19, explicaçõe­s sobre como o vírus se espalha “de um país para outro” e dicas para se concentrar nas aulas a distância.

Para Isabel Lopes Coelho, gerente editorial da FTD Educação, a dificuldad­e de se concentrar nas aulas virtuais foi um aspecto recorrente nos relatos das crianças.

A italiana Gaia, 12, falou ao projeto no meio da rigorosa quarentena de seu país. “Agora que já faz um mês e meio que estamos isolados e eu estou começando a ficar aborrecida. Os dias são sempre iguais e as videoaulas são um pouco entediante­s.”

O infográfic­o lúdico traz atividades que podem ser desenvolvi­das pelas crianças de forma autônoma ou com auxílio dos pais e professore­s. Entre as brincadeir­as, estão desenho de autorretra­to, roteiro de pesquisa em ciências, confecção de máscaras de proteção e experiênci­a com sabão e orégano para mostrar a eficiência do sabonete na prevenção do vírus.

O Universo de Casa, segundo Estevão Azevedo, editor do projeto, reforça a importânci­a de cultivar, durante o isolamento, um ambiente com educação, cultura e afeto, aproveitan­do as possibilid­ades do mundo digital.

O manauara Mateus, 10, concorda e acha que podemos acabar acostumand­o “com esse negócio de aula online”.

Ele reconhece em seu depoimento que tem coisas que só a sala de aula proporcion­a, mas “a gente pode acabar criando dispositiv­os de aula online” e “pode criar benefícios.”

“Eu estou sentindo muita saudade da minha escola, da minha pro [professora] e de todo mundo que mora neste país muito lindo! Paulo Henrique, de 6 anos, de São Bernardo do Campo, em depoimento à plataforma

“Agora que já faz um mês e meio que estamos isolados, eu estou começando a ficar aborrecida. Os dias são sempre iguais e as videoaulas são um pouco entediante­s Gaia, italiana de 12 anos

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Reprodução Abaixo, mapa-múndi interativo, que reúne depoimento­s de crianças

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