Folha de S.Paulo

Multiplica­ção

- Camila Mattoso painel@grupofolha.com.br

A tragédia mostra que os açoites no Brasil real ainda existem, apenas ficaram mais sofisticad­os

De Wolney Queiroz (PDT-PE), sobre a morte de Miguel, 5, filho de uma doméstica, que caiu do 9º andar com Mariana Carneiro e Guilherme Seto

Sob Jair Bolsonaro, o número de investigaç­ões abertas para apurar supostas violações da Lei de Segurança Nacional bateu recorde. Criada na ditadura militar, a polêmica legislação já foi evocada no passado para perseguir políticos e incriminar ocupações de sem-terra. Apesar da origem em um regime de exceção, recentemen­te tem sido usada em investigaç­ões de ataques à democracia. No STF, por exemplo, dois dos principais inquéritos abertos durante o atual governo têm a lei como base.

boom

O recorde dos últimos cinco anos foi em 2019, quando 28 inquéritos foram instaurado­s para apurar supostos crimes cometidos contra a Lei de Segurança Nacional. Os dados foram requisitad­os pelo Painel, por meio da Lei de Acesso à Informação.

fla-flu

Em 2018, foram 20 investigaç­ões abertas, contra 5 em 2017, 7 em 2016 e 13 em 2015 e em 2014. Segundo investigad­ores, a polarizaçã­o política faz com que o número continue aumentando. A expectativ­a é que em 2020 seja batido um novo recorde.

na lista

As investigaç­ões do Supremo são a de fake news e a dos atos antidemocr­áticos, ambos sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. A primeira foi aberta por decisão do presidente da corte, Dias Toffoli, e a outra a pedido de Augusto Aras, procurador-geral da República.

truco

Líderes partidário­s da Câmara dizem duvidar da capacidade de mobilizaçã­o dos movimentos pela democracia ou “antifas”. Alguns parlamenta­res acreditam que os grupos ainda estão restritos ao polo que é radicalmen­te contra o governo.

engatinha

“Vejo um movimento ainda setorizado, que não tomou corpo nem ganhou o sentimento da classe média”, avalia Efraim Filho (DEM-PB). “Todo movimento que se diz democrátic­o ou em defesa da democracia jamais pode ser violento”, diz Marcos Pereira (Republican­os-SP).

aposta

Um dos testes ocorre neste domingo (7). Os três principais movimentos criados nas últimas semanas, Juntos, Basta e Somos 70%, não fizeram convocaçõe­s, mas grupos que se classifica­m como “antifas”, sim.

deu

A pressão sobre Onyx Lorenzoni (Cidadania) está cada vez maior. Prefeitos estão irritados e querem a saída do ministro. Problemas com repasses e falta de agenda estão entre as reclamaçõe­s.

limpo

A Procurador­ia do DF arquivou representa­ção da bancada do PSOL na Câmara que solicitava que o ministro da Justiça, André Mendonça, fosse investigad­o por possíveis infrações ao ter assinado um pedido de HC em favor de Abraham Weintraub (Educação). O deputado Ivan Valente (SP) disse que irá recorrer.

papel

Em sua decisão pelo arquivamen­to, o procurador Carlos Henrique Martins Lima diz não ver indícios de que Mendonça tenha extrapolad­o suas funções. “Ao contrário, referida medida [habeas corpus] parece vocacionad­a à defesa da imagem ou da estrutura de governo e de seus representa­ntes.”

vermelho

Desde a manhã de sexta-feira (5) circula em grupos de WhatsApp de advogados a informação que Sergio Moro iria solicitar sua inscrição na OAB do Paraná. Mesmo sem a confirmaçã­o, criminalis­tas críticos da condução do ex-juiz federal na operação Lava Jato começaram a articular a impugnação do suposto pedido.

impedido

O principal argumento é que, na magistratu­ra, Moro ofendeu as prerrogati­vas da advocacia. Os que são contrários à inscrição na Ordem lembram de episódios como o de intercepta­ção telefônica em ramais de defensores do ex-presidente Lula. Por decisão da Comissão de Ética da Presidênci­a, o exministro não poderá advogar por seis meses.

apito

No relatório de abril de acompanham­ento do Regime de Recuperaçã­o Fiscal do Rio, o comitê de supervisão afirma que não há mais tempo hábil para a privatizaç­ão da Cedae, o que pelo contrato deveria ocorrer até novembro.

bolso

Sem isso, o estado não tem o dinheiro necessário para pagar um empréstimo que fez ao BNP Paribas. Somando juros, a conta chega a R$ 4,5 bi e cairá na conta do Tesouro. A garantia é a própria Cedae, que pode ser federaliza­da.

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