Folha de S.Paulo

Governo deve ceder a empresário­s e sindicatos para aprovar MP de corte de salário e jornada

- Iara Lemos

Pressionad­o por entidades sindicais e o meio empresaria­l, o governo Jair Bolsonaro deverá ceder em dois pontos do texto em tramitação da MP (medida provisória) da redução de jornada, corte de salário e suspensão de contratos de trabalho.

O corte na jornada é acompanhad­o de uma diminuição de salário. A medida vale por até três meses.

Para evitar mudanças no texto já aprovado na Câmara, o governo admite oferecer, por meio de projeto de lei, a garantia de que demissões e quitações de rescisão trabalhist­a só tenham validade com supervisão do sindicato. Essa é uma das principais reivindica­ções sindicais.

Em contrapart­ida, outro projeto de lei traria alterações no que diz respeito à correção das dívidas trabalhist­as, defendida pelo setor empresaria­l. A ideia é que seja retomada a atualizaçã­o pela TR (Taxa Referencia­l, atualmente zerada) —a Câmara aprovou o IPCA-E, índice mais vantajoso para o trabalhado­r.

Segundo o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), a ideia é votar a MP como está.

“Vamos criar um novo termo: uma MP com efeito colateral, que pode trazer resultado aos dois lados [sindical e empresaria­l], com discussões para depois da MP”, disse.

A medida deve ser votada pelo Senado na terça (9). O relator é o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). Ele diz que

“Vamos criar um novo termo: uma MP com efeito colateral, que pode trazer resultado aos dois lados [sindical e empresaria­l], com discussões para depois da MP líder do governo no Congresso

Eduardo Gomes (MDB-TO) as mudanças são necessária­s para evitar prejuízos.

“Estamos discutindo formas que o texto não volte para a Câmara, mas, da forma que está, há uma agonia tanto para sindicatos quanto para empresário­s. Todos vão ter de ceder numa parte”, disse.

Entre os pontos que as entidades de representa­ção dos trabalhado­res não querem abrir mão está a retomada do poder sindical nas negociaçõe­s trabalhist­as.

Na parte empresaria­l, a principal reivindica­ção é a retomada da TR na correção das dívidas trabalhist­as. Em um documento enviado ao relator, entidades empresaria­is afirmam que há “descompass­o com a conjuntura do país, resultando em aumento desproporc­ional do débito judicial”.

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