Parlamentares e ex-ministro criticam mudança nos dados
O atraso na divulgação dos dados diários do novo coronavírus no Brasil e o anúncio da revisão da metodologia pela Saúde causaram fortes críticas dos meios político e jurídico.
Parlamentares veem risco de manipulação dos números por parte do governo e já preparam ações ao STF (Supremo Tribunal Federal) para garantir transparência do governo federal.
Integrantes do Supremo e do TCU (Tribunal de Contas da União) também dizem estar atentos ao tema. O ministro Bruno Dantas usou as redes sociais para anunciar que “cogita propor” aos tribunais de contas federal e estaduais que requisitem os dados para divulgação diária até 18h.
Dantas foi endossado pelo ministro do STF Gilmar Mendes, que compartilhou a mensagem e publicou também em rede social que tentar ocultar dados é um truque que “não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio”.
O ex-ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, afirmou durante uma live neste sábado (6) que a decisão do Ministério da Saúde de não mais divulgar o total do número de casos e de mortes pela Covid-19 “é uma tragédia”.
“Não informar corretamente significa que o estado pode ser mais nocivo do que a doença”, afirma ele. Para ele, quando os números de epidemias começam a explodir, “é quase que uma atração fatal do indivíduo falar: ‘e se a gente mudasse os números, maquiasse os números?’”
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que irá propor à Comissão Especial do Congresso que acompanha o coronavírus uma contagem paralela do número de infectados, curados e mortos.
Além disso, apresentará uma ação ao STF em que alegará que o governo está descumprindo preceitos fundamentais da Constituição e exigirá maior transparência sobre os números da doença. O parlamentar disse estar analisando os fatos para protocolar novo pedido de impeachment contra Bolsonaro por crime de responsabilidade.