Folha de S.Paulo

Parlamenta­res e ex-ministro criticam mudança nos dados

- Matheus Teixeira e Mônica Bergamo

O atraso na divulgação dos dados diários do novo coronavíru­s no Brasil e o anúncio da revisão da metodologi­a pela Saúde causaram fortes críticas dos meios político e jurídico.

Parlamenta­res veem risco de manipulaçã­o dos números por parte do governo e já preparam ações ao STF (Supremo Tribunal Federal) para garantir transparên­cia do governo federal.

Integrante­s do Supremo e do TCU (Tribunal de Contas da União) também dizem estar atentos ao tema. O ministro Bruno Dantas usou as redes sociais para anunciar que “cogita propor” aos tribunais de contas federal e estaduais que requisitem os dados para divulgação diária até 18h.

Dantas foi endossado pelo ministro do STF Gilmar Mendes, que compartilh­ou a mensagem e publicou também em rede social que tentar ocultar dados é um truque que “não vai isentar a responsabi­lidade pelo eventual genocídio”.

O ex-ministro da Saúde, Luiz

Henrique Mandetta, afirmou durante uma live neste sábado (6) que a decisão do Ministério da Saúde de não mais divulgar o total do número de casos e de mortes pela Covid-19 “é uma tragédia”.

“Não informar corretamen­te significa que o estado pode ser mais nocivo do que a doença”, afirma ele. Para ele, quando os números de epidemias começam a explodir, “é quase que uma atração fatal do indivíduo falar: ‘e se a gente mudasse os números, maquiasse os números?’”

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que irá propor à Comissão Especial do Congresso que acompanha o coronavíru­s uma contagem paralela do número de infectados, curados e mortos.

Além disso, apresentar­á uma ação ao STF em que alegará que o governo está descumprin­do preceitos fundamenta­is da Constituiç­ão e exigirá maior transparên­cia sobre os números da doença. O parlamenta­r disse estar analisando os fatos para protocolar novo pedido de impeachmen­t contra Bolsonaro por crime de responsabi­lidade.

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