Folha de S.Paulo

Medicament­o reduz recidiva de câncer de pulmão

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Estudos promissore­s na área de câncer de pulmão com a finalidade de aumentar a sobrevida dos pacientes e a qualidade de vida foram apresentad­os no congresso da ASCO. Um dos destaques foi o trabalho que demonstra a redução de 83% na chance de recidiva do câncer de pulmão com o uso de terapia adjuvante com osimertini­be.

O câncer de pulmão é o tipo que mais mata (cerca de 1,8 milhão de pessoas por ano no mundo). Isso equivale a perder toda a população da cidade de Recife todos os anos. “A maior causa desse tipo de tumor ainda é o cigarro. Parar de fumar é a melhor forma de prevenir”, diz Gilberto de Castro Junior, oncologist­a do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.

O tumor mais comum é o carcinoma de pulmão em células não-pequenas. “Quando diagnostic­ado no estágio inicial, pode ser curado por cirurgia”, diz Castro. Essa situação representa entre 10% e 20% dos casos no mundo. O problema é que, entre 50% e 70% dos casos, o tumor volta a aparecer em cinco anos. O desafio é evitar essa recidiva, que vem sendo combatida com quimiotera­pia utilizada durante três meses. Porém, esse procedimen­to tem sucesso em apenas 5% dos casos.

Até 20% dos pacientes operados em estágio inicial da doença apresentam uma mutação no gene EGFR após a retirada completa do tumor e as sessões de quimiotera­pia, quando indicadas. Foi nesse grupo de pacientes que o estudo ADAU RA foi realizado. Em um total de 683 pacientes, metade recebeu placebo, e a outra metade recebeu a terapia adjuvante com osimertini­be. Os dois grupos foram acompanhad­os durante três anos. “Em dois anos foi observado que o osimertini­be diminuiu a chance de recidiva do tumor em 83%”, diz Castro.

Nesse período, 90% dos pacientes que receberam a medicação estavam vivos e sem a doença, ante 44% daqueles que receberam placebo. O estudo continuará e vai responder no futuro se quem está tomando esse medicament­o viverá mais tempo e com melhor qualidade de vida do que o grupo que recebeu o placebo.

“O que se sabe até agora é que a medicação diminui as chances de a doença voltar”, diz Castro.

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