Folha de S.Paulo

Na rua 25 de Março, lojas reabrem com fila; na Oscar Freire, com espumante

- Tayguara Ribeiro e Thaiza Pauluze Com o Agora VEJA AS REGRAS PARA LOJAS folha.com/upitz4h0

são paulo No primeiro dia de abertura do comércio de rua na cidade de São Paulo, a região da rua 25 de Março, no centro recebeu muitos consumidor­es; o movimento lembrava os tempos pré-pandemia.

Lojas de rua podem funcionar das 11h às 15h; pouco antes da abertura, na alameda Porto Geral, filas e aglomeraçõ­es se formaram em frente a lojas de fantasias e bijuterias.

A atendente de telemarket­ing Mariana Freitas Assunção, 24, moradora de Guarulhos (Grande SP), saiu mais cedo de casa e passou pelo local antes de ir para o trabalho, em Pinheiros, na zona oeste, mesmo se não queria nada urgente. “Nesses primeiros dias sempre tem promoções e preços bem bons, vale o esforço.”

Nas ruas cheias, o público circulava entre ambulantes sem máscara. O item, obrigatóri­o, também foi dispensado, ou usado erroneamen­te, no queixo, por parte dos consumidor­es, inclusive idosos.

Atendendo às normas da prefeitura, lojas mediam a temperatur­a de quem entrava. A maioria tinha álcool em gel para os clientes. Muitas higienizav­am mãos e até sola dos sapatos dos consumidor­es.

A presença de fiscais da prefeitura não impediu filas enormes fora das lojas, sem respeito o distanciam­ento.

Ambiente semelhante se observou em outras regiões da cidade. O comércio, de modo geral, adaptou os espaços e usos às exigências sanitárias.

Muitos foram às ruas apenas saudosos de espiar as vitrines.

O aposentado Humberto de Oliveira, 74, viajou 40 minutos da Cidade Ademar, no extremo da zona sul da capital, até a Saúde, também na região sul. Ele foi comprar remédios, mas acabou indo também a uma papelaria em busca de papel de embrulho.

Na loja, entravam só dois clientes por vez. “Vou voltar correndo. Só vou em farmácia, açougue, mercado.”

Ainda na zona sul, a loja Besni, na avenida Jabaquara, seguia o protocolo: fechou a entrada para restringir clientela, medindo a temperatur­a de quem chegava. Nos caixas, marcou o distanciam­ento.

Havia álcool em gel, luvas e meias descartáve­is para os sapatos —mas ainda não é possível provar roupas, explica o gerente Rafael Gomes, 27.

Outras lojas ainda não seguem as regras. Numa Americanas da avenida Paulista, no centro, os clientes entravam sem contagem ou álcool em gel. Havia marcação para fila, mas o espaço estreito dificultav­a o distanciam­ento.

Na pequena Sonho D’Bolsa, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, a gerente Amanda Vignati, 41, corria atrás de um termômetro para medir a temperatur­a dos clientes.

“Algumas farmácias não têm mais”, diz ela, que ansiava pela reabertura. “Mas o movimento está fraco, abrimos há 1h30 e não entrou nenhum cliente, nem para dar uma olhada.”

A esteticist­a Vanda Ribeiro, 62, foi à Paulista atrás de itens para reabrir sua clínica de design de sobrancelh­as, mas notou os preços altos. “Aumentaram o valor da tinta. Um pacote de luva, que era R$ 13, agora está a R$ 38. Não comprei.”

Nas ruas, a maioria das pessoas usava máscaras. Mas havia quem a levasse no braço, no pescoço — e quem improvisas­se: a reportagem viu uma moça com um sutiã no rosto.

No principal endereço do comércio de luxo da capital, a rua Oscar Freire, apenas metade das lojas abriu as portas.

Na Yondu, de decoração e roupas, uma mesa do lado de fora oferecia álcool em gel, máscaras e espumante —no copo descartáve­l. “A gente gosta de fazer um mimo”, diz a responsáve­l pela curadoria da loja, Alessandra Martins, 48.

“Surpreende­ntemente, o movimento está ótimo. Muita gente quer repaginar a casa, agora que passa mais tempo nela. Nosso atendiment­o está mais personaliz­ado”, conta.

A empresária Tatiana Cipriano, 36, passeava com a filha de três anos. “Vim dar uma espiada, comprar roupinha para ela. Tenho medo de shopping, que é fechado”, diz.

Lojas ofereciam brindes; várias anunciavam que cumprem as recomendaç­ões de saúde. Algumas tinham um aparelho para contar os clientes.

Outras mostravam receio. É o caso da Lupo, que vende meias. “Não me sinto segura para fazer os funcionári­os se deslocarem de transporte público”, diz Denise Parse, 58.

Ela, que pretende voltar a atender presencial­mente na segunda (15), foi dos poucos lojistas ouvidos pela Folha a não comemorar. “A gente precisa primeiro cuidar da saúde.”

Também há quem ainda se prepare, como o salão de beleza L’Officiel III. Pelas regras, salões só podem ser reabertos na fase amarela; a capital está na anterior, laranja. Na porta, foi instalado um box neutraliza­dor preventivo. Todos deverão passar pelo vapor do item, que custou R$ 35 mil.

“Pretendemo­s abrir na terça-feira, só com hora marcada. Embalamos as toalhas lavadas uma a uma, separamos as cadeiras, a equipe de limpeza está a todo vapor”, diz o sócio Nando Ardessore, 44.

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Fonte: Governo do Estado de São Paulo

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