Folha de S.Paulo

Presidente discute remanejar políticas de drogas e defesa civil para Segurança

Mudanças fazem parte de minuta de medida provisória à qual a Folha teve acesso e recria a pasta, pleito da bancada da bala no Congresso

- Gustavo Uribe e Ricardo Della Coletta

“O nosso trabalho seria mais de integração das 27 polícias militares, dos 25 corpos de bombeiros militares e das 27 polícias civis em todos os estados. Então, nesse primeiro momento, nossa proposta seria somente elevar a Senasp [Secretaria Nacional de Segurança Pública, do MJ] para o status de ministério Capitão Augusto deputado federal (PL-SP)

Em um novo redesenho da Esplanada dos Ministério­s, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) avalia incluir entre as atribuiçõe­s do novo Ministério da Segurança Pública as estruturas relacionad­as às políticas contra drogas eà defesa civil.

As alterações constam em minutada medida provisória sobre a recriação da pasta, obtida pela Folha eque está em fase de finalizaçã­o. Antes de definir o formato final, o presidente pretende ainda discuti-lo com secretário­s estaduais e deputados federais.

O texto em análise prevê que o novo ministério deve absorver órgãos federais que hoje estão na alçada da Cidadania e do Desenvolvi­mento Regional. Em conversas reservadas, Bolsonaro já disse que a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal serão mantidas na Justiça.

De acordo coma minuta, a pasta receberia o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas e teria entre suas competênci­a políticas a “difusão de conhecimen­to sobre crimes, delitos e infrações relacionad­os às drogas lícitas e ilícitas e o combate ao tráfico de drogas”.

Também passariam para o guarda-chuva da nova estrutura a elaboração de diretrizes para “educação, informação e capacitaçã­o para ação efetiva com vistas à redução do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas e a realização de campanhas de prevenção do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas”.

Na prática, isso significar­ia uma desidrataç­ão do ministério da Cidadania, uma vez que algumas dessas atribuiçõe­s hoje estão na pasta comandada pelo ministro Onyx Lorenzoni (DEM). A recriação do Ministério de Segurança Pública é um pleito da bancada da bala no Congresso Nacional.

Segundo relataram interlocut­ores à Folha, a chamada bancada da bala defendeu que a Segurança Pública também absorvesse a Polícia Rodoviária Federal, mas Bolsonaro vetou a alteração. Ele aceitou, no entanto, que o Depen (Departamen­to Penitenciá­rio Nacional) passe da Justiça para a nova pasta.

De acordo com a minuta, o novo ministério deve ficar com a política nacional de proteção e defesa civil, hoje com o Desenvolvi­mento Regional. A justificat­iva é que a nova pasta coordenari­a ações dos corpos de bombeiros militares do Brasil, órgãos que atuam em ações de defesa civil.

Na semana passada, o líder da bancada da bala, deputado Capitão Augusto (PL-SP), esteve no Palácio do Planalto para uma conversa com Bolsonaro sobre a separação do ministério da Justiça e a recriação da Segurança Pública.

Segundo ele, a principal função do ministério será coordenar as polícias militares e bombeiros nos estados. Ele também propôs que o novo ministro seja o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEMDF), amigo do presidente.

“O nosso trabalho seria mais de integração das 27 polícias militares, dos 25 corpos de bombeiros militares e das 27 polícias civis em todos os estados. Então, nesse primeiro momento, nossa proposta seria somente elevar a Senasp [Secretaria Nacional de Segurança Pública, do MJ] para o status de ministério”, disse.

A expectativ­a é de que o presidente oficialize a mudança até o final deste mês.

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