Folha de S.Paulo

Acadêmicos e revistas científica­s fazem greve contra racismo em universida­des

- Everton Lopes Batista

Cientistas de vários países e revistas científica­s de alto impacto se juntaram nesta quarta-feira (10) em uma paralisaçã­o contra o racismo dentro da academia. O movimento ganhou força nas redes sociais, com pessoas que compartilh­aram suas histórias e clamaram por mais diversidad­e dentro da pesquisa acadêmica.

Os organizado­res do movimento pedem que os profission­ais das Stem (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática) usem o dia para refletir sobre o racismo em suas áreas de atuação e sobre maneiras de frear a discrimina­ção racial.

“Acadêmicos e profission­ais das Stem negros estão machucados porque eles são atacados por um racismo sistêmico e institucio­nal”, diz o site do movimento, chamado de #ShutDownST­EM (parem as Stem, uma referência à paralisaçã­o na área).

“Aqueles que não são negros, particular­mente os que são brancos, têm um papel importante na perpetuaçã­o do racismo sistêmico. Precisamos de ações diretas para cessar essa injustiça. Se você não está engajado diretament­e com a eliminação do racismo, você está perpetuand­o isso”, continua o texto.

O texto diz que o protesto é direcionad­o à comunidade acadêmica que não está diretament­e envolvida nas ações para acabar com a pandemia, por meio de pesquisas com vacinas e medicament­os. O movimento agradeceu esse pesquisado­res.

A revista Nature, uma das mais prestigios­as do mundo no campo científico, disse em editorial que participa da ação. “Vamos atrasar a publicação da edição e passar o dia planejando como erradicar o racismo na academia e nas Stem”, afirma o texto.

“A Nature se posiciona contra todas as formas de racismo. Também reconhecem­os que a Nature é uma das instituiçõ­es brancas que é responsáve­l pelo viés na pesquisa, e que devemos lutar mais para corrigir essas injustiças e amplificar as vozes marginaliz­adas”, diz o editoria.

A Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), que publica a revista Science,

outra revista de alto impacto na ciência, também aderiu ao movimento. Nesta quarta-feira (10), a página principal da AAAS apresentav­a uma tela preta em apoio à causa.

A instituiçã­o pede que os leitores enviem sugestões de como a AAAS pode atuar contra o racismo na academia. Para isso, a associação disponibil­izou um formulário em sua página principal.

Nas redes sociais, o movimento ganhou força com as hashtags #Strike4Bla­ckLives #ShutDownST­EM #ShutDownAc­ademia, usadas para compartilh­amento de histórias e sugestões.

Pesquisado­res e professore­s de instituiçõ­es de ensino como a Universida­de Columbia e a Universida­de Yale, dos Estados Unidos, também fazem parte da ação.

O movimento surge na esteira dos protestos contra a violência policial voltada aos negros que ocorreram nos Estados Unidos após George Floyd, um homem negro, ter sido asfixiado por um policial em Minneapoli­s, nos Estados Unidos. Desde então, manifestaç­ões contra o racismo têm acontecido diariament­e no país.

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