Folha de S.Paulo

Com nova pasta, presidente faz aceno e tenta mudar comunicaçã­o

Pasta das Comunicaçõ­es, entregue ao deputado Fábio Faria (PSD), ressurge também para diminuir influência dos militares no setor

- Julia Chaib, Gustavo Uribe e Julio Wiziack

A nomeação do deputado Fábio Faria (PSD-RN) para o Ministério das Comunicaçõ­es, recriado sob medida para o parlamenta­r, foi lida por aliados de Jair Bolsonaro e congressis­tas como gesto do Planalto para reorganiza­r sua política de comunicaçã­o, reduzir a influência de militares na área e acenar a setores do Legislativ­o.

No comando da pasta, Faria deverá trocar as direções dos Correios e da EBC (Empresa Brasil de Comunicaçã­o), hoje sob a chefia de dois generais, diminuindo o espaço da cúpula das Forças para abrir caminho a indicações políticas. A ideia é que as duas empresas sejam entregues a indicados de outras siglas do centrão.

O núcleo fardado também perde o controle sobre a comunicaçã­o institucio­nal do Planalto. Bolsonaro passou para Faria a Secom, antes subordinad­a à Secretaria de Governo, do general Luiz Eduardo Ramos.

A nomeação do deputado Fábio Faria (PSD-RN) para o Ministério das Comunicaçõ­es, recriado sob medida para o parlamenta­r, foi lida por aliados do presidente da República e parlamenta­res como um gesto de Jair Bolsonaro para reorganiza­r sua política de comunicaçã­o, diminuir a influência de militares na área e acenar para setores do Congresso.

A criação da nova pasta e a indicação de Faria para comandá-la foram anunciadas na noite de quarta (10) por Bolsonaro. Com isso, o governo passa a ter 23 ministros, 8 a mais do que os 15 prometidos durante a campanha eleitoral.

Apesar de o novo ministro ser do chamado centrão, que se aproximou do presidente e tem indicado nomes para cargos no governo, no primeiro momento a escolha de Faria não foi bem recebida por uma ala do grupo. Depois, a situação acabou contornada.

Integrante­s de PP, PL e Republican­os relataram desconfort­o inicial com o fato de Bolsonaro ter dado um cargo no primeiro escalão do governo a um deputado do PSD, partido que, publicamen­te, diz não fazer parte do centrão.

No comando do novo ministério, entretanto, o deputado deverá trocar as direções dos Correios e da EBC (Empresa Brasil de Comunicaçã­o), diminuindo o espaço da cúpula militar e podendo abrir espaço para indicações políticas. A ideia é que as duas empresas públicas sejam entregues a indicados de outras siglas do centrão.

Hoje, as estruturas federais são comandadas por dois generais: Luiz Carlos Pereira Gomes, na EBC, e Floriano Peixoto Vieira Neto, nos Correios.

Para evitar incômodo com os novos aliados no Congres

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Adriano Machado - 9.jun.20/Reuters O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de hasteament­o da bandeira, na terça
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