Folha de S.Paulo

Radiodifus­ão vê mudança como gesto de paz

- Nelson de Sá

A recriação do Ministério das Comunicaçõ­es e sobretudo a indicação como titular do deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), nome que já vinha sendo especulado para a área nos últimos dois meses, foram recebidas como um gesto de paz no setor de radiodifus­ão.

Embora seja genro de Silvio Santos, dono do SBT, o parlamenta­r tem relacionam­ento de longa data com as demais redes, inclusive Globo, e junto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), em nota assinada pelo presidente da entidade, Paulo Tonet Camargo, também vice-presidente de Relações Institucio­nais do Grupo Globo, afirmou que a recriação “é compatível com a importânci­a da radiodifus­ão brasileira e dará maior dinamismo aos temas relativos ao setor”.

O novo ministro vai comandar não só as concessões de radiodifus­ão, instrument­o tradiciona­l de poder do governo federal junto aos congressis­tas, mas também —e pela primeira vez— a distribuiç­ão de verbas federais de publicidad­e.

A indicação de Fábio Wajngarten como secretário-executivo do novo Minicom não é sinal de que a atual política de propaganda vá se manter, pelo que foi apurado.

Pelo contrário, a saída dele do Palácio do Planalto mostraria um esforço de distanciar o presidente dos questionam­entos apontados na quarta-feira (10) pelo TCU (Tribunal de Contas da União), sobre irregulari­dades na distribuiç­ão.

Faria, de sua parte, não aceitaria se expor ao processo já em andamento no TCU e buscaria retornar a distribuiç­ão de verbas à normalidad­e, independen­te de Wajngarten.

Embora relativame­nte jovem, perto de completar 43 anos, ele é considerad­o um político experiente, tendo chegado à Câmara há quase 14 anos. O fato de ser ligado ao ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), que comandou o setor sob Michel Temer (MDB), também contaria a seu favor.

Do ponto de vista das empresas de telecomuni­cação, a mudança teria pouco impacto. As principais decisões do setor, envolvendo a tecnologia 5G, que as teles buscam adiar, pelo investimen­to elevado neste momento, e a aprovação da fusão de AT&T-Warner Media já estão na Anatel.

A Agência Nacional de Telecomuni­cações, que também passa a ser formalment­e vinculada ao novo Minicom, é órgão à parte, com mandatos independen­tes da burocracia ministeria­l.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil