Suécia descobre quem matou premiê após 30 anos de mistério
Promotores públicos suecos identificaram o homem que eles dizem ter assassinado o ex-premiê Olof Palme em 1986, pondo fim a décadas de mistério. Eles afirmam que o assassino foi Stig Engstrom, um designer gráfico que se matou em 2000.
A revelação permitirá que autoridades finalmente encerrem a investigação, afirmou o chefe dos promotores públicos, Krister Petersson.
Palme levou um tiro pelas costas quando caminhava com sua esposa para casa, depois de sair de um cinema em Estocolmo. Ele havia dispensado seus guarda-costas naquele dia. O assassinato ocorreu na rua mais movimentada da Suécia, com dezenas de testemunhas que viram o homem atirar em Olof e fugir.
O crime causou grande comoção no país e inspirou inúmeras teorias de conspiração.
O filho de Palme, Marten, disse a uma rádio sueca que acredita no resultado da investigação e que os promotores estão certos em encerrar o caso. Milhares de pessoas foram entrevistadas como parte do inquérito. Um homem que cometia pequenos crimes chegou a ser condenado pelo assassinato, mas o veredito foi posteriormente anulado.
“A pessoa é Stig Engstrom”, disse Petersson em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (10). “Já que essa pessoa já morreu, não posso fazer uma denúncia contra ela, e portanto decidi encerrar a investigação.”
A arma do crime não foi encontrada e nenhum indício forense novo foi descoberto, mas promotores concluíram, com base nos depoimentos de Engstrom, que suas versões para os eventos daquele dia não faziam sentido.
“Ele agiu como nós acreditamos que o assassino agiria”, disse Petersson. Stig Engstrom não era o foco principal das investigações, inicialmente. Mais adiante, os promotores descobriram que ele tinha familiaridade com armas de foempresa, go, tendo servido no Exército e participado de clubes de tiro.
Ele também fazia parte de um círculo de críticos de Palme, e parentes diziam que ele não gostava do premiê. Engstrom também tinha problemas financeiros e de alcoolismo. Os investigadores ainda não conseguiram formar um quadro completo sobre os motivos que levaram Engstrom a matar o premiê.
Engstrom ficou conhecido entre os vários suspeitos de terem assassinado Palme como “homem da Skandia”, pois trabalhava para a empresa de seguros Skandia. Ele estava trabalhando até mais tarde na noite do assassinato no escritório central da que fica perto do local da cena do crime.
Engstrom estava presente na cena do crime. Ele foi interrogado diversas vezes, mas logo foi descartado como suspeito. Petersson disse que descrições dadas por testemunhas condizem com a aparência de Engstrom. Algumas testemunhas também contradisseram relatos de Engstrom sobre seu comportamento na cena do crime.
Engstrom mentiu sobre o que aconteceu pouco depois do assassinato, chegando a dizer que tentou ressuscitar Palme. No ano 2000, Engstrom cometeu suicídio.
Ele foi identificado como suspeito pela primeira vez por um jornalista, Thomas Pettersson. A polícia começou a rever a possibilidade de Engstrom ser o assassino 18 anos após a sua morte.
A ex-mulher de Stig Engstrom disse ao jornal Expressen em 2018 que fora interrogada por investigadores em 2017. Ela disse que naquela ocasião, entretanto, não havia suspeitas de que ele fosse o assassino. “Ele era covarde demais. Ele não faria mal a uma mosca”, disse.
Mais de 130 pessoas já confessaram ter cometido o assassinato, segundo o chefe da investigação, Hans Melander.
Palme estava em seu segundo mandato como chefe do governo sueco. Um carismático premiê que liderava o Partido Social Democrata da Suécia, Palme aumentou o poder dos sindicatos, ampliou o sistema de saúde e bem-estar social, tirou todos os poderes políticos da monarquia e investiu pesadamente em educação.
Uma de suas principais reformas foi a criação de creches e pré-escolas, permitindo o acesso de mulheres a trabalho. No plano internacional, ele era crítico da invasão soviética a Tchecoslováquia de 1968 e ao bombardeio do norte do Vietnã pelos americanos. Ele também criticava o regime do apartheid na África do Sul.