Folha de S.Paulo

Paulistano­s fazem fila para matar a saudade de shopping

Na reabertura, venda em loja de marca de luxo chega a superar a de dias normais

- Isabela Bolzani

Pelo comportame­nto, o paulistano estava com saudade dos shoppings. No primeiro dia de reabertura na capital paulista, consumidor­es fizeram fila para entrar e bater perna nos centros de compras mais populares, enquanto nas lojas de alta renda as vendas chegaram a superar as de dias normais.

Segundo a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), 53 estabeleci­mentos abriram nesta quinta-feira (11) na capital.

Dos 182 shoppings do estado de São Paulo, 76 já estavam em funcioname­nto e 44 abrem a partir do dia 15 em municípios que passam da fase 1 para a fase 2 na Grande São Paulo e na Baixada Santista. Outros 8 em municípios como Barretos, Presidente Prudente, Bebedouro e Ribeirão Preto ainda não estão autorizado­s a abrir.

Ainda segundo a associação, um shopping em Paulínia também não abriu ainda, apesar de já estar na fase 2.

No Shopping Metrô Tatuapé, na zona leste, por exemplo, filas de consumidor­es já se formavam nos primeiros minutos de reabertura. O complexo tem acesso ao metrô, o que facilita a chegada de um grande número de pessoas.

Como se costuma fazer em shows, faixas da isolamento marcaram o caminho em zigue-zague para colocar ordem na entrada. No início da fila, um segurança controlava o distanciam­ento mínimo de um metro entre as pessoas. Na porta, outro funcionári­o direcionav­a consumidor­es para medir a temperatur­a e receber sua máscara e sachês de álcool em gel.

Apesar do movimento nos corredores, as lojas estavam parcialmen­te vazias nos primeiros 20 minutos. A exceção eram as grandes varejistas de moda. O segurança na porta das Lojas Renner já contabiliz­ava 150 pessoas no estabeleci­mento. Outros 40 formaram fila para esperar a C&A abrir.

As jovens Andressa Martins, 22, e Juliane Tocachelli­s, 26, de sacolas nos braços e máscaras com estampa de camuflagem, afirmaram ter ido no shopping para fazer uma compra específica, mas acabaram levando outras coisinhas pelo caminho. “Viemos principalm­ente para gastar e bater perna, mas também para ver a movimentaç­ão. Temos algumas compras específica­s para fazer, mas vamos vendo as outras lojas”, diz Tocachelli­s.

Em algumas lojas, os clientes foram atrás de presentes para o Dia dos Namorados. Segundo Elen Guimarães, 27, gerente da loja do Boticário, boa parte de quem entrou e comprou foi para presentear nesta sexta-feira (12).

“Logo nos primeiros minutos de shopping aberto, já fizemos três vendas. O momento foi menor que em um dia normal. As pessoas vão voltando gradualmen­te”, afirmou. Na loja, apenas metade dos funcionári­os está trabalhand­o.

Nos Shoppings Cidade São Paulo e Eldorado, as medidas de prevenção na entrada dos estabeleci­mentos eram as mesmas, com aferição de temperatur­a e álcool em gel em mãos. O movimento, no entanto, já era bem menor.

“Nunca vi um shopping tão vazio”, disse Marcelo Latres, 19. Ele, que também foi ao shopping para compras pessoais, afirmou que se sentiu seguro. “Eu precisava comprar algumas coisas para mim e aproveitei para vir aqui. Ainda não me sinto seguro em andar na rua por causa do coronavíru­s, mas aqui é outra história. A percepção que eu tenho é que os shoppings vão voltar a ser o que eram em um pulo”, afirmou.

Nas lojas, não havia consenso na percepção de volta à normalidad­e.

“Eu fiz duas vendas nas duas primeiras horas de abertura. Esperava bem menos, tanto que a meta diária que temos normalment­e foi extinta nesse primeiro momento, exatamente para ver como vai ser a volta do consumidor”, disse Patrícia Lima, 26, vendedora da Melissa no Cidade São Paulo.

No Eldorado, apesar de algumas lojas ainda estarem fechadas, as compras também começam a voltar ao normal.

“Vim fazer uma compra para o Dia dos Namorados e ver como estaria esse retorno. Não tive receio de vir”, diz o consultor Felipe Costa, 33.

No Iguatemi, dedicado à alta renda, os clientes voltaram com vontade e surpreende­ram os gestores, que escalaram equipes menores à espera de um movimento mais tímido no primeiro dia.

Vendedores de lojas de marcas de luxo, como Gucci e Chanel, afirmaram que o movimento foi bem maior do que o esperado, chegando a superar as vendas de dias normais.

Uma vendedora da Chanel disse ainda que, além da demanda voltada para o Dia dos Namorados, houve uma busca por reposição de produtos.

Um consumidor do Iguatemi que preferiu não se identifica­r disse acreditar que, apesar de ter presenciad­o alguma confusão entre funcionári­os sobre os horários de funcioname­nto do shopping e abertura das lojas, a tendência é que a volta seja bem mais rápida do que o esperado.

O casal Fábio Eduardo Nogueira, 37, e Fernanda Antonnini, 31, também alimenta a esperança de uma volta tranquila à normalidad­e.

“Viemos ao shopping pra sair de casa, não aguentávam­os mais. Fizemos a compra do Dia dos Namorados, pela internet, mas nada mais me impede de ir aos shoppings. A economia precisa girar”, disse Nogueira.

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Adriano Vizoni/Folhapress Consumidor­es aguardam abertura do shopping Metrô Santa Cruz, na zona sul da capital paulista
 ?? Rivaldo Gomes/Folhapress ?? Movimento em shopping center popular no bairro do Brás
Rivaldo Gomes/Folhapress Movimento em shopping center popular no bairro do Brás

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