Folha de S.Paulo

Empresário que vende respirador­es ao estado é investigad­o no PR

- Rogério Pagnan Tati Bernardi A colunista está em férias.

A polêmica compra de respirador­es chineses pela gestão João Doria (PSDB), por mais de R$ 500 milhões, teve a participaç­ão de um empresário brasileiro investigad­o pelo Ministério Público do Paraná sob a suspeita de participaç­ão em uma fraude no Detran paranaense, estimada em mais de R$ 120 milhões.

Basile George Pantazis foi alvo em março de ordem judicial de busca e apreensão em sua casa em Brasília, na operação batizada de Taxa Alta, e teve os bens bloqueados pela Justiça em maio, segundo o Gaeco do Paraná, grupo de combate ao crime organizado.

Outras 15 pessoas foram alvo desse bloqueio, entre elas o irmão do empresário, Alexandre Pantazis. Os irmãos são sócios da Infosolo Informátic­a —empresa responsáve­l pelo registro eletrônico de alienação de veículos no PR.

Foi também em março deste ano que a gestão Doria iniciou a negociação para compra de 3.000 respirador­es chineses. A entrega dos aparelhos devia, inicialmen­te, ter sido concluída em maio, o que não ocorreu. A compra também é investigad­a pelo Ministério Público de São Paulo.

O atraso levou à repactuaçã­o do acordo para R$ 242 milhões e 1.280 equipament­os, uma adequação do valor adiantado pelo governo paulista em abril à intermediá­ria Hichens Harrison, empresa para qual Pantazis trabalhava.

Basile e Alexandre são conhecidos em Brasília como “irmãos gregos” e por sua ligação com a empresa Dismaf, que vendia bolsas para os Correios e acabou investigad­a no escândalo do mensalão.

A empresa passou a comerciali­zar trilhos de trens para o governo federal, para obras da ferrovia Norte-Sul, cuja qualidade foi questionad­a pelo Ministério dos Transporte­s.

Basile foi tesoureiro do PTB nos anos 2000 e era próximo de Gim Argello, então senador do partido pelo DF, preso em 2016 na Lava Jato.

Basile nega ligação com a direção da Infosolo e diz ser “mero cotista” dessa empresa que tem “vários sócios”. O vendedor dos respirador­es também afirma que as acusações do Ministério Público do Paraná são falsas.

“Durante um breve período, ele foi vice-tesoureiro local do PTB no Distrito Federal e desfiliou-se da sigla em 2011. Basile nunca foi réu em nenhuma ação penal ou de outra natureza. As restrições impostas a ele pelos Correios foram anuladas pelo STF em ação já transitada em julgado. No caso dos trilhos, decisão do ministro Celso de Mello anulou as restrições impostas pelo TCU [Tribunal de Contas da União]”, diz em nota.

A gestão Doria diz que as tratativas com a Hichens Harrison ocorreram por intermédio de Fabiano Kempfer, vice-presidente de operações e responsáve­l pelo escritório da empresa no Brasil e que Basile é “um representa­nte comercial da Hichens no Brasil”.

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