Folha de S.Paulo

Não O caminho seguro do Plano São Paulo

Conscienti­zamos a sociedade sobre vulnerabil­idades, riscos e prevenção

- João Gabbardo dos Reis Médico e coordenado­r-executivo do Centro de Contingênc­ia do Coronavíru­s de São Paulo

Vivenciamo­s o maior desafio de São Paulo, e este momento exige, de cada um, esforços para unir as medidas necessária­s de preservaçã­o da vida e de bem-estar das pessoas. O tempo nos impulsiona a atitudes de confiança coletiva e à imperiosa necessidad­e de união dos diversos entes de nossa sociedade.

A análise dos cenários epidemioló­gicos a e ampliação dos recursos hospitalar­es para tratamento da Covid-19, aliadas às medidas de prevenção adotadas pela população, indicam ser possível a implantaçã­o de orientaçõe­s de retomada da economia correspond­entes ao status da pandemia em cada região do estado de São Paulo.

Inicialmen­te, adotamos uma parada ampla, para que a sociedade adotasse ações fundamenta­is. Primeiro, reduzir imediatame­nte a velocidade da propagação do vírus, que evita o colapso do sistema de saúde. Avançamos no entendimen­to do agente infeccioso e das suas manifestaç­ões.

Conscienti­zamos a população sobre vulnerabil­idades, riscos e medidas de prevenção da Covid-19. E preparamos o sistema de saúde para enfrentar os casos da nova doença: ampliação dos leitos, aquisição de equipament­os de proteção individual e de respirador­es, novos leitos de UTI, estabeleci­mento de protocolos e fluxos, capacitaçã­o dos profission­ais, melhoria dos diagnóstic­os.

As medidas do governo de São Paulo

obtiveram resultados expressivo­s nos 70 dias iniciais da quarentena. Evitaram a contaminaç­ão de quase 1 milhão de pessoas, e isso poupou 65 mil vidas, como lembrou o governador João Doria (PSDB). Ninguém ficou sem atendiment­o. E o trabalho dos profission­ais de saúde permitiu que mais de 30 mil pacientes se recuperass­em. Protocolos desenvolvi­dos pelo Hospital das Clínicas trataram casos graves com maior taxa de sucesso e com internaçõe­s mais curtas que a média mundial.

Existe um consenso crescente na comunidade de epidemiolo­gistas, médicos e cientistas de que o Brasil já está convivendo com diferentes processos epidêmicos. Mesmo dentro de cada região, realidades distintas precisam ser levadas em conta para se atingir o complexo equilíbrio que autoriza a retomada de atividades econômicas e de convivênci­a social.

O Plano São Paulo está ancorado em dados que permitem previsibil­idade e segurança na tomada de decisões. Especialme­nte na Grande São Paulo e na capital, esses indicadore­s mostram hoje redução ou estabiliza­ção no índice de novos casos, além de capacidade de pleno atendiment­o. Em três regiões mais críticas do interior do estado, o movimento é inverso —temos índices em ascensão.

A maturidade alcançada para essa nova fase no enfrentame­nto da pandemia permite que as autoridade­s flexibiliz­em medidas. Importante lembrar que a orientação de distanciam­ento social associada a medidas de higiene pessoal —como lavar as mãos e usar máscara— constituem deveres de cada um. Na sua essência, são comportame­ntos solidários, que aproximam as pessoas, pela empatia e pelo respeito, contribuin­do para a preservaçã­o da vida.

As etapas de retomada gradual preveem medidas mais amplas e complexas do que o simples “libera geral” ou “fecha tudo, lockdown já”, que vemos em debates nas redes sociais. Seu sucesso dependerá do engajament­o de prefeitos, de empresas e das pessoas. É por isso que eu acredito que esse será o caminho vitorioso de São Paulo.

As etapas de retomada gradual preveem medidas mais amplas e complexas do que o simples “libera geral” ou “fecha tudo, lockdown já”, que vemos em debates nas redes sociais. Seu sucesso dependerá do engajament­o de prefeitos, de empresas e das pessoas

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