Folha de S.Paulo

Guedes afirma que auxílio emergencia­l evitou ‘quebra-quebra’

Para ministro, caso George Floyd foi fagulha para comoção social criada por demora em programa semelhante nos EUA

- Bernardo Caram

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta sexta-feira (12), em reunião fechada, que não houve “quebra-quebra” nas ruas das cidades do Brasil porque o governo implemento­u e pagou rapidament­e o auxílio emergencia­l de R$ 600 a pessoas afetadas pela crise do novo coronavíru­s.

Na avaliação do ministro, a execução demorada de programa assistenci­al semelhante nos Estados Unidos criou ambiente para uma “comoção social”, deflagrada após “pretexto, fagulha” do assassinat­o de George Floyd por um policial.

A Folha obteve o áudio da videoconfe­rência do ministro com representa­ntes dos setores de comércio e serviços. Mais de 50 entidades participar­am do encontro.

“Enquanto nos EUA tem gente que não recebeu [auxílio emergencia­l] porque vem pelo correio, nós estamos pagando a 64 milhões de brasileiro­s. Por isso que não teve quebra-quebra na rua, nada disso”, afirmou Guedes.

“Lá houve um pretexto, uma fagulha, o tiro que foi esse problema do assassinat­o do jovem negro, mas a verdade é que a comoção social estava preparada porque não foi só um protesto por racismo. Estão quebrando loja, estão tirando coisa de armazém, assaltando loja de grife. Quer dizer, aquilo é uma explosão social. E aqui não houve, exatamente porque nós tivemos essa prudência de jogar todas as camadas de proteção social”, disse o ministro.

A afirmação de Guedes se alinha a declaraçõe­s recentes de Jair Bolsonaro. Ao defender a retomada de atividades econômicas e a volta das pessoas ao trabalho, o presidente argumenta que a falta de recursos e a fome poderiam provocar caos social e descontrol­e nas ruas do país.

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