Apoio à democracia bate recorde diante do risco Bolsonaro
Pesquisa Datafolha mostra que 75% dos brasileiros preferem atual regime; em especial, Folha explica o que foi a ditadura
Nova pesquisa Datafolha mostra que 78% da população não concorda com o presidente Jair Bolsonaro quando ele diz que não houve ditadura no Brasil. Outros 75% rejeitam mais uma aventura autoritária como a do período de 1964 a 1985, índice recorde na série histórica do instituto sobre o tema.
A ditadura entregou o poder de forma pacífica, mas só após intensa pressão popular, que é resgatada agora por iniciativas em defesa da democracia. Antes, castrou os demais Poderes, adotou a tortura e o assassinato como políticas de Estado e censurou tudo que questionasse o preceito de “Brasil grande”.
No momento em que se avolumam ameaças de Bolsonaro e de seguidores contra Congresso e STF e em que 70% dos brasileiros não haviam nascido ou eram crianças no regime militar, especial da Folha conta o que foi a ditadura, o trauma e o atraso que ela provocou no país.
“Onde você viu no mundo uma ditadura entregar para a oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil, então não houve ditadura”, disse Jair Bolsonaro em 27 de março do ano passado numa entrevista à TV Bandeirantes.
O presidente está errado, como a Folha mostra nas páginas seguintes. Não é só opinião deste jornal, aliás, mas a de 78% dos entrevistados pelo Datafolha, em uma nova pesquisa sobre o tema.
Um número semelhante, de 75%, rejeita uma nova aventura autoritária como a do período de 1964 a 1985. É um recorde na série histórica do instituto, atingido no momento em que se avolumam ameaças do presidente e de seus seguidores contra o Congresso e o STF.
É verdade que a ditadura entregou o poder de forma pacífica, como afirma Bolsonaro, mas apenas após intensa pressão popular, num movimento que é resgatado agora por iniciativas em defesa da democracia.
Antes, ela castrou os demais Poderes, adotou a tortura e o assassinato como políticas de Estado e censurou tudo que questionasse os preceitos do “Brasil grande”. Suas taxas expressivas de crescimento fomentaram escândalos de corrupção, avançaram sobre a Amazônia e semearam a hiperinflação, o endividamento e a desigualdade.
É importante, portanto, que os 70% de brasileiros que não haviam nascido, ou que eram crianças no regime militar, tenham a consciência de que houve ditadura, e que eventuais avanços pontuais não superam o trauma e o atraso que provocou no país.