NA VOLTA DA F1, BOTTAS VENCE E HAMILTON COMANDA ATO ANTIRRACISTA QUE DIVIDIU PILOTOS
Único negro do grid da Áustria, atual campeão se ajoelhou em manifestação antes da largada; 6 dos 20 competidores não acompanharam o gesto
são paulo Nos minutos que antecederam o início do GP da Áustria neste domingo (5), na abertura da temporada da F-1, os pilotos se uniram em protesto pedindo o fim do racismo. No entanto, 6 dos 20 competidores não se ajoelharam durante a execução do hino antes da prova vencido depois por Valtteri Bottas.
O gesto tem se repetido em várias manifestações pelo mundo desencadeadas após a morte do americano George Floyd, um homem negro que morreu após um policial branco se ajoelhar sobre o seu pescoço, em Minneapolis, nos EUA, no dia 25 de maio.
Na véspera da corrida, em uma reunião entre os pilotos, não houve consenso sobre a realização do ato, fato que incomodou Lewis Hamilton, 35, o único negro no grid da F-1 e atual campeão mundial.
“Eu descrevi o cenário em que o silêncio é geralmente cúmplice. Mas acho que faz parte de um diálogo, de pessoas tentando entender, porque ainda existem pessoas que não entendem completamente o que está acontecendo e qual é a razão desses protestos”, disse o hexacampeão.
O holandês Verstappen, da Red Bull, e o monegasco Leclerc, da Ferrari, dois dos seis pilotos que não se ajoelharam, justificaram suas posições neste domingo. Além deles, o italiano Giovinazzi (Alfa Romeo), o espanhol Sainz (McLaren), o finlandês Raikkonen (Alfa Romeo) e o russo Kvyat (AlphaTauri) se recusaram a fazer o gesto.
O holandês afirmou que está comprometido com a luta contra o racismo, mas acredita “que todos têm o direito de se expressar de cada vez e da maneira que lhes convém”.
Já o piloto monegasco disse que “o que importa são fatos e comportamentos em nossas vidas em vez de gestos formais que poderiam ser vistos como controversos”.
Nas redes sociais, a F-1 divulgou vídeo com o momento do protesto e escreveu que “como indivíduos, escolhemos nossa própria maneira de apoiar a causa. Como um grupo de pilotos e uma família F-1 mais ampla, estamos unidos em seu objetivo”.
Apesar de não se ajoelharem, todos os pilotos usaram camiseta com a inscrição “Fim ao racismo”. A única exceção foi Hamilton, que usou a frase “Vidas negras importam”.
O inglês, que nesta temporada busca o seu sétimo titulo na F-1 para igualar o recorde do ex-piloto alemão Michael Schumacher, tem cobrado ações para que a principal categoria do automobilismo mundial seja mais inclusiva.
A pedido dele, a Mercedes adotou a cor preta em seus carros em vez do prata, tradicionalmente usado pela escuderia alemã, como parte da campanha antirracista.
Após pressão do britânico, a F-1 também anunciou nos últimos dias a criação do programa “We Race as One” (“Nós Corremos como Um”), com ações voltadas para a inclusão de pessoas de diferentes etnias, gêneros e orientações sexuais nas pistas e também nas escuderias.
O piloto britânico tem se engajado cada vez mais na luta contra o racismo e protagonizado cenas como a vista em Londres no mês passado, quando ele participou de protesto contra a morte de Floyd.
“Estou confiante de que a mudança virá, mas não podemos parar agora”, escreveu o piloto nas redes sociais após marchar pela capital inglesa.
Na abertura da temporada que marca os 70 anos da F-1, o atual campeão terminou o GP da Áustria em segundo, atrás de seu companheiro na equipe Mercedes, Valtteri Bottas. Punido com a perda de 5 segundos por um toque em Alexander Albon, o inglês acabou caindo para o quarto lugar.
A punição ainda durante a corrida foi a segunda que o britânico sofreu neste fim de semana. Após uma reclamação da Red Bull, ele foi penalizado por ignorar uma bandeira amarela na parte do final do treino classificatório, no sábado (4). Com isso, ele perdeu a segunda posição no grid e largou em quinto.
Com Hamilton punido, Leclerc, da Ferrari, ficou com o segundo lugar da corrida, e Norris, da McLaren, em terceiro, em uma prova sem a presença de público devido à pandemia do novo coronavírus.