Folha de S.Paulo

Produção de veículos no país cai pela metade no 1º semestre

- Eduardo Sodré

são paulo A produção de veículos leves e pesados caiu 50,5% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. O dado foi divulgado nesta segunda (6) pela Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil.

O pior resultado foi registrado em abril, quando apenas 1.800 unidades foram montadas no Brasil. O fechamento das fábricas por causa da pandemia do novo coronavíru­s levou ao pior resultado da indústria automotiva em mais de 70 anos.

Com a volta em turno único em mais de 90% das unidades em junho, o mês registrou cresciment­o de 129,1% na comparação com maio, mas a base de referência é rasa.

Na comparação entre os meses de junho de 2019 e de 2020, houve queda de 57,7% na produção. O resultado negativo aparece nos cortes de pessoal que começam a ser realizados nas montadoras.

Segundo a Anfavea, houve 1.100 demissões entre os meses de maio e junho. Hoje, as fabricante­s de carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus, caminhões, implemento­s rodoviário­s e maquinário agrícola empregam 124 mil trabalhado­res.

De acordo com Luiz Carlos Moraes, presidente da associação das montadoras, 750 mil veículos leves e pesados deixaram de ser produzidos no primeiro semestre, o que equivale a aproximada­mente três meses de linhas de montagem totalmente paradas.

A entidade prevê uma queda de 45% na fabricação de veículos leves e pesados em 2020, com 1,63 milhão de unidades manufatura­das.

A Anfavea segue em busca de um programa de incentivo, e a ameaça ao emprego tem sido o principal argumento usado nas reuniões com a equipe de Paulo Guedes.

O setor espera por alguma iniciativa mais imediata, como o estímulo ao consumo por meio de subsídios fiscais. O tema tem sido apresentad­o com cuidado, para não criar pontos de atrito com economista­s de pensamento liberal.

Moraes confirma que há riscos de mais cortes, que podem ocorrer até o fim do ano. Grande parte das montadoras tem agendas de negociação com os sindicatos agendadas para outubro e novembro.

“A medida provisória 936 é muito boa, só que é uma ferramenta temporária. O emprego está em risco, sim, e essa questão só vai ser resolvida com uma retomada forte da economia.”

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