Folha de S.Paulo

A aposentada Liara Inêz Sebastiany Aposentada diz que se adaptou muito bem à medicação oral

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“Um dia, na praia, notei uma manchinha na perna e achei estranho. Ela era pequena, mas irregular e tinha um pouco de saliência. Como sempre me preocupei com câncer de pele, tratei de marcar uma consulta com o dermatolog­ista. O diagnóstic­o me apavorou: melanoma”, conta a aposentada Liara Inêz Sebastiany, 56.

Ela passou por duas cirurgias. A primeira para retirada do melanoma na perna e depois para retirada das ínguas. “O tratamento posterior foi muito importante para reduzir as chances de surgimento de um novo melanoma”, afirma.

Liara fez todo o tratamento pelo plano de saúde, o que permitiu que tivesse acesso a terapias mais avançadas que as oferecidas pelo SUS. Ela conta que discutiu com seu médico as melhores opções para seu caso e, após as cirurgias, deu início ao tratamento via terapia-alvo, com o uso de comprimido­s.

“Eu tomava os comprimido­s em casa, isso facilitou muito todo o processo, já que nem precisava ir ao hospital. Um dos comprimido­s eu tomava pela manhã. O outro, à noite. No geral, me senti muito bem. Agora, faço os exames de manutenção a cada três meses.”

A experiênci­a da advogada Carla Gil Fernandes, 44, foi diferente. Paciente do SUS, precisou recorrer à Justiça para ter acesso a um tratamento mais eficaz. “Em 2017, fui diagnostic­ada com melanoma em estágio 3, já muito avançado. Fiz a cirurgia em dezembro daquele ano para tirar a metástase e o melanoma em si, que estava nas costas”, diz.

O médico disse a Carla que as chances de benefício com os remédios tradiciona­is do SUS seriam muito pequenas, ela teria de seis a nove meses de vida com o medicament­o, e a inseriu nessa pesquisa clínica. “Usei o imunoteráp­ico, mas mesmo assim tive progressão da doença. Então, saí da pesquisa clínica. O médico foi muito claro e falou que eu precisava de um outro imunoteráp­ico”, conta a advogada.

Carla conseguiu por meio de uma liminar que ele fosse fornecido pelo SUS. O novo tratamento durou quase dois anos. “Tenho uma chance de estar curada, mas isso só o tempo vai dizer. Hoje faço o acompanham­ento com exames de imagem a cada três meses”, diz.

Carla conta que seu caso foi atípico. Da liminar até o remédio chegar em suas mãos foram dez dias. “Advogo nessa área e posso dizer que demora em torno de 90 dias. Esse prazo é numa situação normal, sem a pandemia”, diz. Atualmente, Carla é vice-presidente do Instituto Melanoma Brasil, para o qual prestava consultori­a jurídica.

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Arquivo pessoal

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