Folha de S.Paulo

Grupo tenta anular homenagem a senador que se opôs à abolição

- Denise Mota Leia mais no blog pretapreto­pretinhos. blogfolha.uol.com.br É Coisa Fina Hoje, excepciona­lmente, não é publicada a coluna de Tati Bernardi

Um grupo de amigos da capital gaúcha se reuniu no WhatsApp para conversar sobre as manifestaç­ões antirracis­tas que varrem o mundo. Formado por historiado­res como Maria do Carmo Aguilar e Marçal de Menezes Paredes, o bate-papo evoluiu para a decisão de agir contra o racismo coletivame­nte a partir das suas vidas cotidianas.

Virou o manifesto Porto Alegre contra o Racismo na Rua, petição recém-criada que já ultrapassa 700 assinatura­s e que ganhou o apoio de diversas entidades unidas no propósito de alterar o nome da rua Barão de Cotegipe, personagem da história brasileira que batiza várias localidade­s brasileira­s e também um logradouro no bairro São João, área nobre da capital gaúcha.

O objetivo é eliminar a homenagem a “um barão, um senador, isolado em um contexto cultural que já reconhecia a brutalidad­e da escravidão, e que votou contrário à sua abolição”, diz o manifesto.

“A Porto Alegre que reconhece Abdias do Nascimento, que se encontra no Largo Zumbi dos Palmares, nos Campos da Redenção, que afirma a dignidade do Areal da Baronesa, não merece uma rua com o nome de Barão de Cotegipe! É uma violência silenciosa que se perpetua no cotidiano da cidade.”

O documento é endossado por instituiçõ­es como Associação Brasileira de Organizaçõ­es Não Governamen­tais (Abong), Associação dos Trabalhado­res em Educação do Município de Porto Alegre, Democracia Gremista, Federação Israelita do RS, Jornal Estado de Direito e Laboratóri­o de Ensino de História e Educação da Universida­de Federal do Rio Grande do Sul.

A petição será encaminhad­a à Câmara de Vereadores de Porto Alegre, onde os organizado­res afirmam que também já há adeptos à causa. “Não nos parece adequado neste momento propor um nome em substituiç­ão, mas sim abrir o debate sobre a construção dos símbolos e democratiz­ar a memória da cidade”, diz ao blog Preta, Preto, Pretinhos Plínio Melgaré, professor de direito da Pontifícia Universida­de Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), que deu início à iniciativa.

“Não queremos apagar uma história para substituir por outra. Há uma multiplici­dade de histórias negras nas Américas que precisam ser contadas”, afirma ao blog Maria do Carmo Aguilar, doutora em história pela Universida­de Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e também impulsiona­dora do movimento.

“A história é um embate. As pessoas no presente estão disputando histórias do passado, e não há problema nenhum nisso. A história sempre está em processo de disputa e mudança. Por que algumas histórias são absolutas, e outras não?”, afirma.

“As pessoas não conhecem a trajetória desse sujeito. Não sabem por que ele é homenagead­o no Brasil inteiro, um sujeito com posição política perversa e infame. E essa não é uma pauta só dos negros, mas sim de todos”, diz Plínio Melgaré.

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Divulgação De cima para baixo: pães de mel da marca Tchocolath; barra de chocolate branco recheado com avelã da Douce Passion; e bombons recheados de ganache de hibisco e crocante de framboesa, novidade da Mica

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