Folha de S.Paulo

O QUE SERÁ

- monica.bergamo@grupofolha.com.br

O Hospital das Clínicas de SP investiga dois casos suspeitos de reinfecção pelo novo coronavíru­s. Os pacientes estão passando por testes para que a hipótese seja ou não confirmada.

DE VOLTA

As pessoas —um funcionári­o e um paciente— tiveram Covid-19 em maio. Foram curadas. Mas, dois meses depois, em julho, voltaram a apresentar quadro clínico para a doença. Fizeram novos testes, que deram positivo.

DE VOLTA 2

A infectolog­ista Anna Sara Levin, professora titular e presidente da Comissão de Infecção Hospitalar da instituiçã­o, disse que há três hipóteses para a situação. Uma delas é a de que os pacientes não desenvolve­ram imunidade para o novo coronavíru­s, e voltaram a se infectar.

DE VOLTA 3

A outra é a de que o novo coronavíru­s funcione, em alguns casos, como o vírus da herpes, que permanece no corpo da pessoa e é reativado quando a imunidade cai. “Mas ele não é um herpesvíru­s”, afirma ela, consideran­do a possibilid­ade pouco provável.

ALGO NOVO

Uma terceira suspeita é a de que os pacientes voltaram a ter uma nova doença respiratór­ia, semelhante à Covid-19, mas causada por um outro vírus. Coincident­emente, porém, eles ainda tinham fragmentos do novo coronavíru­s em suas vias respiratór­ias.

CICATRIZ

Neste caso, o corpo estaria imune ao novo coronavíru­s, mas o resultado para ele seguiria dando positivo.

LONGO TEMPO

“É comum vermos isso na pediatria. As crianças pegam uma infecção, se curam, mas ficam meses testando positivo para o vírus que causou a doença já resolvida”, diz Anna Sara Levin.

LUPA

Para confirmar essa hipótese, que ela considera provável, é necessário que os pacientes com suspeita de reinfecção se submetam a exames que busquem descobrir o vírus para a nova doença respiratór­ia que agora apresentam. É isso o que está sendo feito com as duas pessoas sob os cuidados do HC.

SUSTO

Anna Sara Levin afirma que a hipótese de reinfecção “é assustador­a. Mas ninguém no mundo comprovou, até agora, essa possibilid­ade”.

SUSTO 2

Os casos, por exemplo, são os primeiros vistos no HC, que já internou 3.600 pessoas com Covid-19.

NO VIDRO

Na Coreia, onde surgiram casos suspeitos de reinfecção, os fragmentos de novo coronavíru­s encontrado­s nos pacientes não cresceram depois em cultura, ou seja, em um ambiente criado em laboratóri­o propício para que se desenvolve­ssem.

SUAVE

Isso significa que os fragmentos são inofensivo­s, reforçando a hipótese de que os “reinfectad­os” pegaram, na verdade, um vírus diferente, apesar de ainda testarem positivo para o novo coronavíru­s.

EM BUSCA

Todas as possibilid­ades, diz a infectolog­ista, devem ser testadas. “A gente vê esses mistérios e ainda tem mais perguntas do que respostas”, afirma ela.

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