Folha de S.Paulo

Entre suas ideias e os desafios, reinventou a vida

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

RAUL ABE LANCMAN (1931-2020)

são paulo Raul Abe Lancman nasceu em São Paulo, mas os pais e parte dos irmãos eram poloneses.

Seguindo a tradição dos seus pais, foi trabalhar no comércio —Raul era dono de confecção.

Quando decidiu mudar de profissão, fez uma peregrinaç­ão por alguns estados brasileiro­s. Foram reinvençõe­s de sua vida.

Decidido a ser madeireiro, a primeira parada foi o Paraná e depois o Pará.

Em 1976, ao perder um filho de 13 anos, retornou a São Paulo. Anos mais tarde, recebeu proposta de trabalho em Porto Alegre. Com a idade já avançada, Raul atendeu a um pedido dos filhos para que voltasse a morar em São Paulo.

Raul temperou a vida com coragem e desafios. O jeito independen­te também entregava a personalid­ade forte e o carisma. Raul tinha o dom de tomar conta dos ambientes.

“Perseguir as ideias para pô-las em prática sempre foi o mote de sua vida independen­temente das limitações, fossem elas financeira­s, geográfica­s ou familiares. O desafio sempre o acompanhou, o não dar certo era uma palavra estranha a ele. Percorreu o Brasil seguindo seus sonhos. Nem todos saíram como o esperado, mas fizeram dele uma pessoa cascuda e resistente”, dizem os filhos, o engenheiro Ansel Lancman, 65, e a terapeuta ocupaciona­l, Selma Lancman, 63.

No auge dos seus 88 anos, era um leitor e internauta voraz. Mesmo com obstáculos, Raul viveu de forma intensa e feliz.

Idoso, mas nunca velho, Raul ainda era uma máquina de fazer planos.

Morou sozinho até o último dia. Dizia que estava preparado para partir, mas tinha medo de ficar dependente de alguém, o que não aconteceu.

Raul Abe Lancman morreu no dia 18 de julho, um dia antes de completar 89 anos, de infarto. Deixa dois filhos, três netos, a nora e namorada.

ANA CÁSSIA PETERS FEVEREIRO

Aos 57, casada com Luiz Claudio Fevereiro. Domingo (2/8). Cemitério Parque dos Pinheiros

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