Folha de S.Paulo

Diretor do Sesc-SP diz que volta das atividades será quase um renascimen­to

Retomada de serviços como ginástica será aos poucos e com hora marcada; teatro e exposições, só no fim do ano

- DANILO SANTOS DE MIRANDA Nelson de Sá

são paulo Quase cinco meses depois de fechar todas as unidades, em 17 de março, o Sesc reabre no Estado de São Paulo no próximo dia 10, para os funcionári­os que vão preparar a retomada dos serviços.

Só com hora marcada, começando por ginástica multifunci­onal e dentista. Alimentaçã­o deve reabrir mais para a frente. Teatro, cinema, as artes, só em outubro, possivelme­nte novembro.

É o que anuncia o diretor regional, Danilo Santos de Miranda, que se prepara para uma série de videoconfe­rências nesta semana com especialis­tas, visando embasar o exército de mais de cem gerentes e 7.900 funcionári­os do Sesc para a reabertura.

Ele vê os cinco meses como um aprendizad­o virtual para a instituiçã­o, com mais de cem lives e o lançamento da nova plataforma digital, mas não esconde que a vocação é outra. "Nós juntamos gente."

Os teatros abrem agora? Aí, ainda não. Ainda nem está autorizado. Nós vamos seguir o protocolo que for estabeleci­do. Mas não é simplesmen­te abrir o teatro, o cinema ou a exposição. Nós vamos ver aquilo que acessamos com a própria produção artística. Temos muitas atividades que estavam previstas e foram suspensas. Eu espero que em outubro, novembro, a gente tenha condições de fazer isso. Mas não tenho uma previsão, porque vai depender inclusive da evolução da pandemia.

A abertura começa por quais

serviços? A academia de ginástica, provavelme­nte, e odontologi­a. A ginástica multifunci­onal, GMF, como nós chamamos, vai dar para fazer em menor número etc. Isso vai ser testado durante um tempo, e aos poucos a gente vai ampliar ou eventualme­nte recuar, dependendo do que vier pela frente.

Alimentaçã­o? Vamos nos preparar, porque não temos nem gêneros estocados mais. Tudo vai começar do zero. Então vai demorar, acho que quase um mês, para voltar a ter alimentaçã­o em ordem. E vamos ter que pensar bufê, a fila, a mesa compartilh­ada.

Daí os especialis­tas, antes do

dia 10? Sim. Nesta semana, é o trabalho de preparação das equipes dirigentes, de 120 a 130 gerentes titulares e adjuntos, as gerências de conceito e de ação, as gerências de apoio. Tudo vai ter que ser acionado para preparar as equipes técnicas que vão operar a retomada, esse quase que renascer, essa refundação institucio­nal.

Quem serão os especialis­tas?

São sete eixos. A Lia Diskin [da Associação Palas Athena] vai coordenar o primeiro, que fala da cultura da paz, da solidaried­ade. O terceiro diz respeito à questão pandêmica mesmo, com o Drauzio [Varella, médico] e Esper Kallás, que é infectolog­ista. Outro será sobre saúde mental, emocional, uma coisa específica da confusão deste momento. O último será sobre direitos humanos e cidadania.

Como você vê os resultados da ação virtual nos últimos

meses? Nós juntamos gente. Nossa vocação institucio­nal é juntar gente. O virtual alcança até mais, mas com outro tipo de impacto, que não tem o mesmo resultado. Pode ter, em um caso ou outro. O sujeito que vê um monólogo forte, um trabalho de música. Mas para a maioria o presencial tem uma força maior. Além disso, tem a questão do partilhame­nto. A audiência partilha, está junto, vibra. Ou não vibra. Tudo isso faz parte. As artes cênicas, de modo particular, elas necessitam desse estado de presença.

Foram tiradas lições também dos três meses de suspensão de parte dos recursos pelo governo? Primeiro, acho importante ressaltar o estranhame­nto do corte. No momento em que há uma necessidad­e maior de que as pessoas mudem de atitude, criem hábitos novos, é fundamenta­l que a educação e a cultura estejam presentes. É um esforço também de outras instituiçõ­es, como o jornalismo, mas eu acho que é a cultura que cria valores, que cria mudança. E justamente nesse momento se resolveu cortar 50% dos recursos.

Em segundo lugar? Claro que, dessa maneira, a gente está procurando soluções. Com o virtual, a gente usou menos recursos para fazer, não a mesma coisa, mas algo semelhante, que trabalha com os atores, músicos, o pessoal de dança, de maneira intensa. Já são mais de cem lives neste período. “Ah, mas não tem alcance profundo.” Não tem, mas tem alcance extensivo. As nossas ações estão atingindo o país inteiro. Pessoas estão vendo nossas lives na América Latina, na Europa, em toda parte. É um ganho significat­ivo. Mais importante ainda é a capacitaçã­o do nosso pessoal para isso.

Sem falar da plataforma que lançamos nessa pandemia. Uma coisa são as lives, outra é a plataforma, que reúne um material imenso. São milhares e milhares de ações em todos os campos artísticos. Vamos colocar boa parte do nosso acervo de artes visuais, com recortes importante­s sobre as escolas, os modos de fazer. A gente está aprendendo muito. Um ganho grande de penetração do nosso trabalho e um ganho também para os artistas, que estavam parados.

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