Folha de S.Paulo

Salles propõe mudança em meta de desmate ilegal

-

A pasta do Meio Ambiente sugeriu à da Economia mudar a meta prevista no PPA (Plano Plurianual) de redução do desmate ilegal até 2023. O novo objetivo seria inferior ao desmatado ao longo de 2019 só na Amazônia.

brasília O Ministério do Meio Ambiente sugeriu ao Ministério da Economia a mudança de meta prevista no PPA (Plano Plurianual) de redução do desmatamen­to ilegal no país.

Em ofício enviado no mês passado, a pasta propôs que o objetivo de redução em 90% dos desmatamen­tos e incêndios ilegais até 2023, estabeleci­do no documento oficial, seja alterado.

Em troca, a pasta comandada por Ricardo Salles recomendou como nova meta que 390 mil hectares de vegetação nativa da Amazônia sejam preservado­s até o final da atual gestão.

Só no ano passado, apenas na Amazônia, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou alertas de desmatamen­to em uma área de 9.100 quilômetro­s quadrados —equivalent­e a 900 mil hectares.

Para justificar a mudança, a pasta afirma que a diminuição de 90% até 2023 é um objetivo intermediá­rio e que o governo federal adota como meta principal a redução de 100% do desmatamen­to ilegal até 2030.

Em nota, o Ministério da Economia disse nesta terça-feira (4) que concorda com a sugestão de tornar o objetivo do PPA “compatível com as metas definidas no Acordo de Paris”.

“Desse modo, as metas intermediá­rias devem indicar os programas que serão utilizados nos próximos quatro anos para contribuir para zerar o desmatamen­to ilegal em dez anos. Isso que está sendo ajustado no PPA”, afirmou a pasta.

A meta de redução do desmatamen­to em 90% até 2023 foi incluída no PPA por meio de emenda parlamenta­r de integrante­s da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.

Em entrevista à imprensa, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta terça que a mudança foi discutida na semana passada com a Economia e que ficou acordada a adaptação do objetivo do PPA.

“A meta é de 100% da redução do desmatamen­to ilegal. Em qual prazo? No prazo contido no compromiss­o brasileiro que é de 2030. Então, o que precisamos fazer? Estabelece­r estratégia­s ano a ano para atingir o compromiss­o.”

Em entrevista à Folha, em junho, Salles já havia reconhecid­o que não haveria neste ano queda no desmatamen­to da floresta amazônica na comparação com 2019. Ele ponderou, no entanto, ser possível uma diminuição em 2021.

Salles assinou nesta terçafeira um acordo que transfere R$ 350 milhões do Fundo do Clima para que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social) apoie projetos de saneamento básico e gestão de resíduos sólidos

“A meta é de 100% da redução do desmatamen­to ilegal. Em qual prazo? No prazo contido no compromiss­o brasileiro que é de 2030

Ricardo Salles ministro do Meio Ambiente

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil