Recuperação da economia só virá com melhora na saúde, diz presidente do Itaú
são paulo O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, avaliou que a recuperação plena da economia brasileira só virá quando a pandemia estiver controlada. Segundo o banco, a atividade econômica está estabilizada em 90% da registrada há um ano.
“É um nível elevado. Eu acho que esse nível que estamos agora não vai melhorar muito sem que haja uma melhora na saúde”, afirmou Bracher em teleconferência para detalhar os resultados do Itaú no segundo trimestre.
O lucro líquido do banco caiu pela metade no período, quando comparado com igual período de 2019, reflexo das medidas de proteção contra calotes que podem ocorrer durante a crise.
No ciclo de recuperação, o executivo vê a necessidade de recuperar o controle fiscal, após o que classificou como “natural e justificado” crescimento da dívida pública para combater os danos econômicos da pandemia. E defendeu a volta da agenda de reformas, ainda que seja crítico ao projeto de reforma tributária apresentado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Bracher criticou tanto o aumento de carga tributária sobre os bancos quanto a volta da CPMF. Para ele, a reforma deve buscar a simplificação e existe “uma série de impostos que atrapalham menos o funcionamento da economia”.
O banco classificou o segundo trimestre como o pior para a economia, mas viu sinais encorajadores nos últimos 45 dias. Ainda assim, não descarta um aumento da inadimplência. “O nível da inadimplência poderá ser maior do que a gente viu em crises passadas. Nós nunca tivemos uma queda de 5% do PIB em um ano só. A gente pode esperar uma inadimplência elevada, mas não fora de controle”, disse Bracher.
Os executivos do banco enfatizaram ainda a meta de redução de custos e apontaram que o home office deve ajudar na tarefa. O Itaú havia anunciado que iniciaria volta gradual aos escritórios a partir do dia 1º de setembro, mas esse cronograma será adiado.
“Enquanto houver risco de contaminação, não há razão para expor as pessoas a esse risco se o funcionamento remoto está sendo tão eficiente”, afirmou Bracher.
Ele comentou ainda o processo de escolha de seu sucessor, que deve ser eleito ainda neste ano. Bracher foi anunciado para o cargo em novembro de 2016 e assumiu a presidência do Itaú no lugar de Roberto Setubal em abril de 2017.
De acordo com o executivo, o novo presidente deve sair do comitê executivo, formado pelos diretores gerais Caio Ibrahim David e Márcio Schettini, e pelos diretores vice-presidentes André Sapoznik e Milton Maluhy Filho. Claudia Politanski também era membro do colegiado, mas deixará o banco ao fim do ano.
Bracher precisa deixar o banco pela regra adotada pela instituição, que impõe idade limite de 62 anos para o cargo de presidente.