Suécia se mantém aberta e encolhe menos, mas com mais mortes
financial times | oslo A economia da Suécia apresentou desempenho melhor do que a da maioria dos países europeus, no pico da pandemia do novo coronavírus, ainda que tenha sofrido sua maior contração desde a Segunda Guerra.
O país escandinavo parece ter se beneficiado de sua abordagem mais leve no combate ao coronavírus.
O PIB (Produto Interno Bruto) registrou queda de 8,6% no segundo trimestre, ante o trimestre anterior, de acordo com uma estimativa rápida da Statistics Sweden divulgada nesta quarta-feira (5).
Mas a contração sueca foi significativamente inferior à média de 12% registrada pelos países da zona do euro no mesmo período.
A grande economia europeia mais prejudicada foi a Espanha, que registrou uma contração de 18% —já a economia da Alemanha teve uma contração de cerca de 10%.
A Suécia ocupou uma posição central em um debate internacional acalorado sobre os méritos do “lockdown” como um meio de conter a difusão do vírus.
O país se recusou a seguir o resto da Europa e decretar ordens formais de lockdown.
A Suécia optou por manter suas escolas, restaurantes e fronteiras abertos, ao mesmo tempo em que instava as pessoas a trabalhar de casa e a manter distância segura umas das outras.
Depois de se tornar um dos poucos países europeus a registrar expansão econômica no primeiro trimestre, a Suécia continuou a ser exceção em abril, maio e junho —o pico da pandemia registrado na Europa, até agora.
De acordo com estimativas rápidas anunciadas na semana passada, somente a Letônia e a Lituânia conseguiram apresentara um desempenho melhor ao sueco, com contrações de 7,5% e 5,1% em seus
PIBs no segundo trimestre, respectivamente.
David Oxley, economista sênior da consultoria Capital Economics para o mercado europeu, afirmou que a contração demonstrava que a Suécia não era “imune à Covid”.
O economista acrescentou: “No entanto, a contração econômica [do país] no primeiro semestre do ano está em categoria muito distinta dos horrores que vimos em outras partes da Europa”.
Durante diversas semanas, no segundo trimestre, a Suécia apresentou a maior porcentagem de vítimas fatais da doença na Europa, com relação à população, e chegou a registrar 20 vezes mais óbitos que a vizinha Noruega.
Mas agora, seu número de óbitos em termos per capita está abaixo do de muitos países que impuseram “lockdowns”, como a Bélgica, a Espanha e o Reino Unido.
Economistas antecipam que a economia da Suécia se contraia por entre 4% e 5% este ano —uma projeção melhor do que a média da zona do euro e do que a de qualquer das grandes economias da região, e em linha com as estimativas referentes às vizinhas Noruega e Dinamarca, que optaram por realizar “lockdowns”.
Já economistas do banco sueco SEB atualizaram suas projeções quanto ao PIB sueco este ano para uma contração de 4%, ante projeção anterior de queda de 5%.
“Ainda é cedo demais para avaliarmos como as diferentes estratégias para lidar com a Covid-19 afetaram as economias”, declarou Torbjorn Isaksson, analista chefe do grupo Nordea.
O banco central sueco manteve sua principal taxa de juros em zero, depois de elevá-la no final do ano passado, e argumentou que a política monetária não é o melhor instrumento para combater os efeitos econômicos do coronavírus.