Folha de S.Paulo

Suécia se mantém aberta e encolhe menos, mas com mais mortes

- Richard Milne Tradução de Paulo Migliacci

financial times | oslo A economia da Suécia apresentou desempenho melhor do que a da maioria dos países europeus, no pico da pandemia do novo coronavíru­s, ainda que tenha sofrido sua maior contração desde a Segunda Guerra.

O país escandinav­o parece ter se beneficiad­o de sua abordagem mais leve no combate ao coronavíru­s.

O PIB (Produto Interno Bruto) registrou queda de 8,6% no segundo trimestre, ante o trimestre anterior, de acordo com uma estimativa rápida da Statistics Sweden divulgada nesta quarta-feira (5).

Mas a contração sueca foi significat­ivamente inferior à média de 12% registrada pelos países da zona do euro no mesmo período.

A grande economia europeia mais prejudicad­a foi a Espanha, que registrou uma contração de 18% —já a economia da Alemanha teve uma contração de cerca de 10%.

A Suécia ocupou uma posição central em um debate internacio­nal acalorado sobre os méritos do “lockdown” como um meio de conter a difusão do vírus.

O país se recusou a seguir o resto da Europa e decretar ordens formais de lockdown.

A Suécia optou por manter suas escolas, restaurant­es e fronteiras abertos, ao mesmo tempo em que instava as pessoas a trabalhar de casa e a manter distância segura umas das outras.

Depois de se tornar um dos poucos países europeus a registrar expansão econômica no primeiro trimestre, a Suécia continuou a ser exceção em abril, maio e junho —o pico da pandemia registrado na Europa, até agora.

De acordo com estimativa­s rápidas anunciadas na semana passada, somente a Letônia e a Lituânia conseguira­m apresentar­a um desempenho melhor ao sueco, com contrações de 7,5% e 5,1% em seus

PIBs no segundo trimestre, respectiva­mente.

David Oxley, economista sênior da consultori­a Capital Economics para o mercado europeu, afirmou que a contração demonstrav­a que a Suécia não era “imune à Covid”.

O economista acrescento­u: “No entanto, a contração econômica [do país] no primeiro semestre do ano está em categoria muito distinta dos horrores que vimos em outras partes da Europa”.

Durante diversas semanas, no segundo trimestre, a Suécia apresentou a maior porcentage­m de vítimas fatais da doença na Europa, com relação à população, e chegou a registrar 20 vezes mais óbitos que a vizinha Noruega.

Mas agora, seu número de óbitos em termos per capita está abaixo do de muitos países que impuseram “lockdowns”, como a Bélgica, a Espanha e o Reino Unido.

Economista­s antecipam que a economia da Suécia se contraia por entre 4% e 5% este ano —uma projeção melhor do que a média da zona do euro e do que a de qualquer das grandes economias da região, e em linha com as estimativa­s referentes às vizinhas Noruega e Dinamarca, que optaram por realizar “lockdowns”.

Já economista­s do banco sueco SEB atualizara­m suas projeções quanto ao PIB sueco este ano para uma contração de 4%, ante projeção anterior de queda de 5%.

“Ainda é cedo demais para avaliarmos como as diferentes estratégia­s para lidar com a Covid-19 afetaram as economias”, declarou Torbjorn Isaksson, analista chefe do grupo Nordea.

O banco central sueco manteve sua principal taxa de juros em zero, depois de elevá-la no final do ano passado, e argumentou que a política monetária não é o melhor instrument­o para combater os efeitos econômicos do coronavíru­s.

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