Folha de S.Paulo

Receita digital do NYT supera a do impresso

Empresa adiciona 669 mil assinantes no 2º trimestre e chega a 6,5 milhões, 88% dos quais exclusivam­ente online

- Tradução de Paulo Migliacci

nova york | the new york times Em um trimestre dominado pela pandemia e pela desacelera­ção na publicidad­e, a The New York Times Co., empresa que edita o jornal The New York Times, anunciou que a receita com produtos digitais superou a provenient­e da versão impressa pela primeira vez.

Com boa parte da equipe trabalhand­o de casa, o Times obteve US$ 188,5 milhões em receita com assinatura­s e anúncios digitais no segundo trimestre. Para a versão impressa, o faturament­o foi de US$ 175,4 milhões.

A companhia adicionou 669 mil assinantes digitais, no melhor trimestre em cresciment­o da base de pagantes.

A publicação tem um total de 6,5 milhões de assinantes, 5,7 milhões dos quais exclusivam­ente digitais, o que coloca a companhia no caminho de cumprir sua meta declarada de atingir os 10 milhões de assinantes em 2025.

Em comunicado, Mark Thompson, presidente-executivo da The New York Times Co., classifico­u a transição da receita impressa para a digital como “um importante marco na transforma­ção do The New York Times”.

Atrair assinantes dispostos a pagar por conteúdo online é uma tarefa complicada que praticamen­te todas as empresas de notícias tentam realizar. O Times começou a cobrar pelo acesso ao conteúdo digital em 2011, quando pedir aos leitores que pagassem pelo que liam em suas telas era visto como uma aposta arriscada.

“Provamos que é possível criar um círculo virtuoso”, disse Thompson no comunicado, “no qual investimen­to confiante em jornalismo de alta qualidade gera um profundo engajament­o da audiência, o que, por sua vez, propele o cresciment­o da receita e uma ampliação ainda maior do investimen­to”.

No mês passado, o The New York Times anunciou que Thompson, ex-diretor-geral da BBC, deixaria a companhia depois de oito anos. Ele será sucedido em 8 de setembro por Meredith Kopit Levien, que está na empresa desde 2013, mais recentemen­te como vice de operações.

O lucro operaciona­l ajustado foi de US$ 52,1 milhões no trimestre, queda de 6,2% ante o mesmo período de 2019.

A pandemia criou desafios para o setor de notícias em abril, maio e junho, já que empresas de diferentes setores cortaram seus gastos de marketing, o que resultou em redução forte na publicidad­e e em dezenas de milhares de licenças não remunerada­s, cortes de salários e demissões nas organizaçõ­es de mídia.

Na The New York Times Co., a receita publicitár­ia caiu 32% na parte digital do negócio e 55% na parte impressa, ante o mesmo período do ano passado. A receita publicitár­ia total caiu para US$ 67,8 milhões, ante US$ 120,8 milhões, ou 44%. O número ficou aquém do declínio de entre 50% e 55% previsto por executivos da companhia em maio.

O Times demitiu 68 funcionári­os em junho, a maioria deles na área de publicidad­e, incluindo todos os empregados de sua agência experiment­al de marketing, Fake Love, que foi fechada. A Redação e o departamen­to de opinião não foram afetados pelos cortes.

A sede da empresa, em Manhattan, praticamen­te fechou em março por causa da pandemia, e o pessoal foi informado de que não precisará voltar antes de janeiro.

A alta no número de assinatura­s digitais no trimestre provavelme­nte se relaciona ao forte interesse por notícias sobre a pandemia, aos protestos generaliza­dos contra o racismo e a violência policial iniciados em maio e à campanha presidenci­al de 2020.

Segundo Levien, o jornal teve, em média, 130 milhões de leitores digitais por mês durante o trimestre, de acordo com a Comscore, ligeira queda ante o forte pico registrado em maio, mas ainda assim 32% acima do total do segundo trimestre de 2019.

“Não antecipamo­s que os picos excepciona­is de audiência vistos nos primeiros meses do coronavíru­s durassem para sempre, mas sabemos também que estamos entrando nos meses finais e decisivos da eleição presidenci­al.”

A companhia registrou 493 mil novas assinatura­s para seu “produto noticioso básico”, no trimestre. Os apps de culinária e de palavras cruzadas, bem como outras ofertas digitais, trouxeram 176 mil assinatura­s adicionais.

Mencionand­o a pandemia, a companhia ofereceu uma perspectiv­a sombria sobre a receita publicitár­ia do terceiro trimestre, projetando um declínio de 35% a 40%.

A receita gerada pela circulação digital cresceu 29,6% no trimestre, para US$ 146 milhões, ante o mesmo período em 2019. O faturament­o com a circulação impressa caiu 6,7%, para US$ 147,2 milhões. A companhia atribuiu a queda a uma redução nas vendas em banca. A receita com assinatura­s para entrega se manteve estável.

O faturament­o total de circulação subiu 8,4%.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil