Folha de S.Paulo

Salles recua e mantém meta de desmatamen­to ilegal até 2023

- Gustavo Uribe

brasília O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, recuou da proposta de substituir a atual meta de redução de desmatamen­to e queimada ilegais até 2023, prevista no PPA (Plano Plurianual).

Em nota, o Ministério da Economia informou nesta quarta-feira (5) que o Ministério Meio Ambiente enviou uma nova formulação do objetivo, mantendo o percentual de 90% de diminuição da destruição de vegetações nativas.

Na proposta anterior, o Meio Ambiente havia sugerido trocar a meta pela preservaçã­o de 390 mil hectares de vegetação nativa da floresta amazônica até o final da atual gestão.

Só no ano passado, apenas na Amazônia, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou alertas de desmatamen­to em uma área de 9,1 mil quilômetro­s quadrados —o equivalent­e a 900 mil hectares.

Segundo o Ministério da Economia, apesar de manter o percentual de 90%, a alteração do texto faz com que a responsabi­lidade pelo atingiment­o da meta seja compartilh­ado com outras pastas, como Agricultur­a, Justiça, Defesa e Infraestru­tura.

A meta de 90% foi incluída no PPA por meio de uma emenda parlamenta­r de integrante­s da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.

Em entrevista à imprensa, Salles disse na terça-feira (4) que a mudança foi discutida na semana passada com a Economia e que ficou acordada a adaptação do objetivo do PPA.

“A meta nossa é de 100% da redução do desmatamen­to ilegal. Em qual prazo? No prazo contido no compromiss­o brasileiro que é de 2030. Então, o que precisamos fazer? Estabelece­r estratégia­s ano a ano para atingir o compromiss­o”, disse.

Em entrevista à Folha, em junho, Salles já havia reconhecid­o que não haveria neste ano queda no desmatamen­to da floresta amazônica na comparação com 2019. Ele ponderou, no entanto, ser possível uma diminuição em 2021.

Em julho, a Amazônia apresentou uma cresciment­o de 28% no número de focos de calor em relação ao mesmo período de 2019. O cresciment­o ocorre mesmo com a presença das Forças Armadas na região para evitar o desmatamen­to ilegal.

“A meta nossa é de 100% da redução do desmatamen­to ilegal. Em qual prazo? No prazo contido no compromiss­o brasileiro que é de 2030. Então, o que precisamos fazer? Estabelece­r estratégia­s ano a ano para atingir o compromiss­o Ricardo Salles ministro do Meio Ambiente

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