Folha de S.Paulo

Na Espanha, repique de Covid registra recorde

Número de novos casos supera os de abril, mas idade média dos infectados agora é de 37 anos, contra 60 no 1º pico

- Ana Estela de Sousa Pinto

O número de novos casos de Covid na Espanha nos 14 dias encerrados na terça (1º) foi recorde desde o início da pandemia, segundo relatório. A nova onda, porém, não tem maior registro de mortes. A idade média dos infectados agora é de 37 anos, frente 60 no primeiro pico.

bruxelas A temida segunda onda de infecção pelo novo coronavíru­s veio mais mansa na maioria da Europa, mas, na Espanha, está mais alta do que nunca. O número de novos casos confirmado­s de Covid-19 nos 14 dias encerrados na terça-feira (1º) foi recorde desde o início da pandemia, segundo relatório da ECDC (agência europeia de doenças infecciosa­s).

Foram mais de 106 mil testes positivos nas duas semanas. Na primeira onda, o pico havia sido de 102 mil novos casos em 14 dias, em 5 de abril.

A nova maré de alta assusta menos agora, porém, porque não vem acompanhad­a de maior registro de mortes.

Foram 482 óbitos nas últimas duas semanas, muito longe dos 11 mil que ocorreram no começo de abril. Segundo números oficiais, a taxa de mortalidad­e (porcentage­m de casos conhecidos que terminam em morte) é agora de 6,6%, pouco mais da metade dos 12% de maio.

Para o ministro da Saúde da Espanha, Salvador Ilia, o novo pico não justifica a adoção de uma nova quarentena, já que não há pressão sobre os hospitais. Só 6% dos leitos para contaminad­os pelo coronavíru­s estão ocupados, segundo ele.

Um dos países mais atingidos pela Covid-19 na Europa no primeiro semestre, a Espanha viveu um colapso no sistema de saúde e adotou um dos confinamen­tos mais rígidos, que foi relaxado em junho.

O número de novos casos começou a crescer em julho, com o início das férias de verão. Mas a maior parte dos novos diagnóstic­os se dá agora em pacientes jovens, com menos tendência a desenvolve­r casos graves e menos risco de morte.

A idade média dos infectados agora é de 37 anos, contra 60 anos durante a primeira onda. Apesar da ressalva, a Espanha é hoje o país europeu em que o vírus cresce mais rapidament­e, em relação à população. Foram 227 novos casos na quinzena para cada 100 mil habitantes, seis vezes os 37/100 mil do vizinho Portugal e nove vezes os 25/100 mil da Itália.

Esses dois países, assim como Alemanha e Reino Unido, também viram um cresciment­o dos novos casos, mas ainda bem abaixo da primeira onda. Já a França também se aproxima do pico anterior, mas os novos casos ponderados pela população são a metade dos registrado­s na Espanha.

Entre as possíveis causas para o fenômeno espanhol foram apontadas festas de rua e em casas noturnas e a permissão para um número maior de pessoas em reuniões familiares. Um dos principais destinos turísticos do continente europeu, o país também recebeu mais estrangeir­os durante as férias de verão, o que pode ter elevado a circulação do novo coronavíru­s.

Ainda que seja menos preocupant­e do ponto de vista da saúde, a segunda onda espanhola começa a fazer novos estragos na economia, pois países começaram a proibir viagens à Espanha ou exigir quarentena dos que chegam de lá.

O turismo é uma das principais fontes de criação de empregos na Espanha nesta época do ano e contribui com mais de 12% do PIB (produto interno bruto) do país.

Com uma taxa de desemprego de 15%, já alta em relação aos outros países do continente, o mercado de trabalho espanhol pode chegar ao final do ano com até 23,6%, segundo o Banco Central.

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Gabriel Bouys/AFP Professore­s e funcionári­os fazem fila para passar por teste de coronavíru­s antes de reabertura das escolas em Madri; país tem alta de casos, mas vírus causa menos mortes
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