Folha de S.Paulo

Bolsonaro derruba trava de Guedes para concursos

- Camila Mattoso painel@grupofolha.com.br

Pressão do governo Bolsonaro fez cair parecer que restringia recrutamen­tos até o fim de 2021. A trava tinha sido incluída por iniciativa de Paulo Guedes em projeto de lei complement­ar para conter gastos com funcionali­smo.

A Procurador­ia Geral da Fazenda Nacional alterou um parecer que restringia recrutamen­tos até o fim de 2021 após pressão do governo Bolsonaro. A trava havia sido incluída por iniciativa de Paulo Guedes em projeto de lei complement­ar para conter a expansão dos gastos com funcionali­smo. Com o entendimen­to de agora, novos concursos ficam autorizado­s para preenchime­nto de milhares de cargos abertos, na contramão do discurso do ministro da Economia.

LADEIRA

A Polícia Federal já anunciou concurso para contratar 2.000 agentes e Jair Bolsonaro adiantou que deve autorizar a Polícia Rodoviária Federal a fazer o mesmo. Ricardo Salles (Meio Ambiente) solicitou contrataçõ­es de 3.500 pessoas para ICMBio e Ibama.

AJUSTE

A revisão do parecer ocorreu em menos de dois meses e foi motivada por um pedido do Ministério da Agricultur­a, que afirmou não ver na lei o empecilho temporal alegado pela Procurador­ia da Fazenda. A ministra Tereza Cristina quer contratar 140 auditores fiscais agropecuár­ios.

LEITURA

A lei proibiu a contrataçã­o de servidores, salvo reposições decorrente­s de vacâncias de cargos. Como mostrou o Painel, a área jurídica do Ministério da Economia tinha delimitado que as vacâncias diziam respeito apenas a vagas abertas a partir da norma (maio). O novo entendimen­to, porém, afirma que a exceção trata de vagas abertas a qualquer tempo.

ÓCULOS

Em resposta, a Procurador­ia da Fazenda informou que, ao revisitar o tema, avaliou que “a literalida­de [da norma] não estipulava qualquer limitação temporal” e que procurador­ias estaduais, também sujeitas à lei, tiveram a mesma interpreta­ção. Disse ainda que a nova leitura “não permite alargament­o da máquina pública”.

CALMA

A Secretaria de Gestão Corporativ­a da Receita Federal voltou atrás e decidiu adiar o retorno ao trabalho presencial de auditores fiscais em home office. Em comunicado enviado na sexta (28), o órgão determinav­a a volta aos escritório­s a partir desta terça (1) para servidores fora do grupo de risco.

DEPOIS

A ordem provocou uma rebelião interna, com servidores alegando que a produtivid­ade aumentou na pandemia. A secretaria então decidiu rever e os chefes deverão enviar um planejamen­to para a volta ao trabalho.

FALTA

Aliado de primeira hora de João Doria (PSDBSP), o presidente da Assembleia de São Paulo, Cauê Macris (PSDB), avisou a aliados que não vai comparecer nesta quinta (3) à reunião mensal do governador com deputados. Segundo líderes da base do governo, a ideia é dar um recado de insatisfaç­ão com a condução dada por Doria ao projeto de reforma administra­tiva que tramita na Casa.

substituiç­ão

Macris nunca deixou de estar presente nas reuniões que Doria promove desde que assumiu o governo. O vice-presidente da Assembleia, Gilmaci Santos (Republican­os), deve representá-lo. É a primeira rusga pública entre os tucanos chefes de Poderes em São Paulo.

PODER

Uma carta assinada por mais de 80 acadêmicos e representa­ntes de entidades da sociedade civil dos EUA e do Brasil foi enviada ao governador Romeu Zema (Novo-MG) para protestar contra o despejo das mais de 400 famílias do Quilombo Campo Grande, no mês passado.

ATO

Reunidos na rede US Network for Democracy in Brazil, os signatário­s reclamam que o despejo ocorreu no meio da pandemia de Covid-19.

RECURSO

O Instituto Brasileiro das Organizaçõ­es Sociais de Saúde (Ibross) entrou com uma ação no STF solicitand­o a suspensão da portaria do governo Bolsonaro que obriga médicos a avisarem a polícia quando uma mulher solicitar aborto por estupro. Para a entidade, a medida não visa o acolhiment­o e a proteção da vítima de estupro.

PISTAS

A bancada do PSOL na Câmara protocolou um pedido ao Ministério Público que atua junto ao TCU para apurar a compra de satélite, pelo Ministério da Defesa, e a assinatura de um contrato de aquisição de imagens de satélites, pela Polícia Federal. O partido usa argumento do Inpe, de que os serviços já existem no governo.

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