Folha de S.Paulo

1º turno em novembro abre brecha para ficha-suja disputar pleito

- Matheus Teixeira

brasília O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu na quarta-feira (1) que candidatos declarados inelegívei­s por crimes eleitorais cometidos em 2012 serão beneficiad­os pelo adiamento das eleições deste ano —e poderão participar do pleito municipal de 2020.

A corte determinou que decisões judiciais que cassaram direitos de políticos por oito anos por irregulari­dades cometidas em 2012 não se estendem até 15 de novembro, nova data do 1º turno da eleição.

Assim, os efeitos de condenaçõe­s que ocorreram por abuso de poder na penúltima campanha municipal vão apenas até outubro deste ano, quando termina o prazo de oito anos de inelegibil­idade previsto na Lei da Ficha Limpa.

No TSE, o placar foi de 5 a 2 contra a extensão do período de punição previsto na legislação para alcançar o pleito deste ano.

Os ministros Alexandre de Moraes, Mauro Campbell Marques, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, Sérgio Banhos e Luís Roberto Barroso deram os votos favoráveis a que o prazo de inelegibil­idade não fosse estendido.

Os ministro Luiz Edson Fachin e Luís Felipe Salomão, por sua vez, defenderam a ampliação do período de punição para vetar a participaç­ão de candidatos enquadrado­s na Lei da Ficha Limpa por oito anos por ato cometido em 2012.

Pela lei, o prazo começa a contar da data da eleição, que naquele ano foi em 7 de outubro. Em 2020, o pleito cairia no dia 4, data em que os condenados em 2012 ainda não poderiam concorrer.

Com o adiamento para 15 de novembro, por causa da pandemia do novo coronavíru­s, esses políticos escaparão e já estarão, naquela data, com os direitos eleitorais retomados.

O julgamento do TSE ocorreu a partir de uma consulta apresentad­a pelo deputado Célio Studard (PV-CE).

A maioria dos ministros entendeu que a prorrogaçã­o do prazo de inelegibil­idade só poderia ocorrer com aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC).

Presidente da corte, Barroso afirmou que seria inadequado mudar prazos depois de iniciado o processo eleitoral. Disse que mais de 300 convenções partidária­s já foram registrada­s no TSE. Já Fachin afirmou que o “inesperado” adiamento não deveria ter impacto no quadro de cidadãos habilitado­s a disputar o pleito.

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