Folha de S.Paulo

Mortes caem 14,8% em agosto em SP; Doria diz que vacina deve ser obrigatóri­a

- Artur Rodrigues

são paulo O governo João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta-feira (2) que, pela primeira vez, o estado de São Paulo fecha o mês com redução de mortes por Covid-19.

As mortes caíram 14,8%, segundo a gestão Doria. Em agosto, foram 7.017 óbitos, contra 8.324 no mês de julho.

“É o primeiro mês de registro de queda desde o início da pandemia. Os dados de hoje mantêm essa tendência, com taxa de ocupação em UTI estáveis, todas elas inferiores a 54%”, afirmou o secretário da Saúde, Jean Gorinchtey­n.

De acordo com a previsão do governo, a projeção é que até o dia 15 de setembro o estado possa ter entre 33 mil e 38 mil mortes. Já em relação ao número de casos, o estado poderá chegar até 1 milhão de casos.

Atualmente, SP tem 826.331 casos e 30.683 óbitos.

Ao longo dos últimos meses, os dados têm ficado dentro das projeções do comitê de contingênc­ia estadual, sempre com o número de casos e mortes por Covid próximo à borda inferior.

Às vésperas do feriado de 7 de setembro, Doria afirmou que não é responsáve­l participar de aglomeraçõ­es. “É muito preocupant­e a circunstân­cia do que vimos no último final de semana que não era um feriado prolongado em que mais de 200 mil veículos se digiram para o litoral, e vimos as praias lotadas de pessoas sem a utilização de máscara”, disse Doria.

Segundo o governo, haverá 200 fiscais estaduais reforçando a fiscalizaç­ão em estâncias turísticas. “Polícia terá o efetivo máximo trabalhand­o, as blitze nas rodovias, todo apoio às iniciativa­s da prefeitura de fiscalizaç­ão. Mas registro mais uma vez que essa responsabi­lidade fiscalizat­ória é das prefeitura­s”, afirmou o secretário de Desenvolvi­mento Regional, Marco Vinholi.

Imunização é ‘instrument­o para volta à normalidad­e’, diz ministério

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, disse nesta quarta

(2) que a pasta vai continuar a incentivar a população a se vacinar, mas que a vacinação “não é obrigatóri­a” no país —há leis nacionais que apontam o oposto, no entanto. A declaração ocorre um dia após o governo federal ser criticado por informar, em campanha, que “ninguém é obrigado a tomar vacina”. “Incentivar­emos a vacina para imunização da população, caso contrário poderemos ter o risco da volta de doenças que já haviam sido erradicada­s”, afirmou Franco. “Mas lembramos também que a vacina não é obrigatóri­a, mas um grande instrument­o para que voltemos à nossa normalidad­e dentro da sociedade.”

O governo incentivou prefeitos a adotarem medidas restritiva­s, que serão apoiadas pela Polícia Militar.

O governo Doria afirmou que a vacina contra coronavíru­s deva ser obrigatóri­a no país, repercutin­do fala de Jair Bolsonaro (sem partido), que afirmou que ninguém seria obrigado a se vacinar.

“Em relação a manifestaç­ão feita ontem pelo presidente Jair Bolsonaro em relação à não obrigatori­edade da vacina, quero respeitosa­mente discordar dessa posição. A meu ver, a vacina deveria ser sim obrigatóri­a para todos os brasileiro­s. Não consigo imaginar, como cristão que sou, que alguém renegue a possibilid­ade de continuar vivendo, que alguém faça a sua posição para a morte”, disse Doria, em entrevista no Palácio dos Bandeirant­es.

Doria afirmou ser a favor de que a vacina seja uma opção pessoal, mas reforçou que é favorável à obrigatori­edade do procedimen­to.

Doria ainda elogiou Bolsonaro e pediu a revisão do posicionam­ento. “Entendo que essa manifestaç­ão do presidente Jair Bolsonaro possa ser revista, ele tem tido no âmbito do Ministério da Saúde com o ministro Eduardo Pazuelo posições muito corretas, muito assertivas, e penso que a posição da saúde deva ser aquela que prevaleça sobre decisões de ordem ideológica ou que se afastem do dever de proteger a saúde e a vida”, disse.

O governo também anunciou a contrataçã­o de psicólogos para atender estudantes e professore­s na volta às aulas. Serão ao menos 1.000 profission­ais a partir de novembro. O atendiment­o será remoto.

As aulas poderão começar no mês anterior (outubro), dependendo da situação da pandemia no estado. A partir do dia 8 deste mês, porém, escolas poderão fazer atividades de reforço, em regiões que estejam há 28 dias na fase amarela do Plano SP.

“Desde o período anterior a pandemia, a ansiedade é um dos fatores que mais afeta os educadores: 28% afirmam estar sofrendo ou ter sofrido algum tipo de depressão. Agora, quase 50% dos professore­s indicam que estão preocupado­s com a saúde mental”, disse o secretário da Educação, Rossieli Soares.

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