Folha de S.Paulo

#MeTooBrasi­l acolhe mulheres vítimas de abusos

- Mariana Freire

são paulo Um grupo de advogadas lançou a campanha #MeTooBrasi­l para acolher mulheres vítimas de violência sexual no país. O objetivo é dar visibilida­de aos relatos e oferecer suporte jurídico, psicológic­o, assistenci­al e médico, além de uma rede de apoio.

Lançada na segunda-feira (31), a campanha já teve mais de 15 mil compartilh­amentos em redes sociais, segundo a organizaçã­o.

O movimento brasileiro é inspirado pela campanha de mesmo nome que expôs abusos praticados em Hollywood e que resultaram, em março, na condenação do produtor Harvey Weinstein a 23 anos de prisão por agressão sexual e estupro.

No Brasil, também teve impulso por denúncias ligadas ao setor artístico, mas pretende abranger mulheres e crianças que sofrem abusos independen­temente do meio em que acontecera­m.

“O Me Too Brasil não é só um canal de denúncias, é uma campanha para amplificar a voz da mulher e vem para somar esforços a outros canais”, afirma a promotora de Justiça Gabriela Manssur. A partir do envio da denúncia, a mulher recebe apoio e orientação do Projeto Justiceira­s, que oferece amparo a mulheres vítimas de violência sexual.

A partir daí, é dado o encaminham­ento do caso no âmbito judicial —a campanha tem apoio da Conamp, a associação dos membros do Ministério Público. Segundo Manssur, o site da campanha recebeu oito denúncias no primeiro dia no ar.

O Projeto Justiceira­s, idealizado por Manssur e em atuação desde março, já recebeu 1.800 denúncias de mulheres. Atualmente, ele conta com 3.600 voluntária­s em todo o país —são elas também que atendem os relatos do Me Too Brasil.

De acordo com Luanda Pires, advogada e coordenado­ra do Me Too Brasil, nas primeiras 24 horas, o site recebeu dez relatos em formato de desabafo de vítimas. Alguns deles, prescritos.

São pessoas que, especialme­nte por terem sofrido violência de um homem que está numa posição hierárquic­a superior, tiveram medo de falar, mas sentem necessidad­e de contar a história.

“Esse espaço de escuta ativa é importante para a mulher, para ela entender que ela não

Gabriela Manssur promotora de Justiça e criadora do Projeto Justiceira­s

está só”. Após o relato e acolhiment­o, se a mulher mudar de ideia e desejar denunciar, ela segue com o apoio.

No site metoobrasi­l.org.br, há duas possibilid­ades para o relato: um formulário para realizar a denúncia e solicitar apoio —para si ou para outra mulher— e outro em que a vítima pode fazer o relato sem, necessaria­mente, seguir com uma denúncia formal.

No caso do relato, ele pode ser feito de forma anônima. Há ainda uma área para o cadastro de voluntária­s.

Além dos formulário­s do Me Too, é possível fazer a denúncia pelo WhatsApp (11 99636 1212), no site do Projeto Justiceira­s (justiceira­s.org.br) ou pelas redes sociais, usando a hashtag #metoobrasi­l.

“Nós fazemos a oitiva dessa mulher ou recebemos a denúncia e encaminham­os para o Ministério Público competente”, afirma Manssur. “Com esta união de esforços, a mulher se sente mais à vontade para denunciar porque ela vê que vão acreditar nela e vê que tem uma autoridade por trás desse trabalho.”

“Com esta união de esforços, a mulher se sente mais à vontade para denunciar porque ela vê que vão acreditar nela e vê que tem uma autoridade por trás desse trabalho

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