Folha de S.Paulo

Sim Só um mercado de gás competitiv­o garante benefícios ao país

Concorrênc­ia atrairá investimen­tos e reduzirá custos de produção industrial

- Clarissa Lins e Luiz Costamilan Presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) Secretário-executivo de Gás Natural do IBP

A sociedade brasileira tem uma oportunida­de ímpar para transforma­r o setor de energia com grande repercussã­o positiva na economia e em diversos setores: a abertura do mercado de gás natural, em debate no Congresso Nacional. A palavra-chave dessa grande mudança é a competição. Com o fim da situação atual de um único fornecedor, o insumo ficará mais acessível, impulsiona­ndo o desenvolvi­mento e a reindustri­alização do país.

Sem reservas de mercado e eventuais subsídios, o gás natural a preços competitiv­os atrairá mais investimen­tos, gerará mais empregos e reduzirá o custo de produção de um número imenso de produtos —com benefícios para todos os consumidor­es brasileiro­s.

Por esses motivos, há uma expectativ­a em diversos segmentos industriai­s, especialis­tas e governo de que o Senado, após análise e deliberaçã­o, confirme a aprovação ocorrida na terça-feira (1º), na Câmara, do projeto de lei 6.407/13, conhecido como “Nova Lei do Gás”. A convergênc­ia em torno do texto aprovado foi construída ao longo de quatro anos de profundas discussões.

Com a abertura do mercado, o Brasil passará a contar com mais de uma dezena de fornecedor­es de gás natural. O projeto de lei é revolucion­ário, pois abre caminho para que novos agentes ofertem, transporte­m e comerciali­zem o gás. As novas regras vão estimular ainda a produção das reservas do pré-sal, convertend­o-as mais rapidament­e em riqueza para o país, com ganhos na arrecadaçã­o para União, estados e municípios.

O gás natural é também uma peça-chave na transição energética e fundamenta­l para descarboni­zação da economia, pois é o combustíve­l que menos emite entre as alternativ­as de origem fóssil, usadas na geração de energia e pela indústria.

Matéria-prima ou combustíve­l para fertilizan­tes, indústria química, siderurgia, vidros e cerâmica, entre outros, o gás natural em bases competitiv­as atrairá novas fábricas desses e de outros setores industriai­s para o país.

No setor elétrico, térmicas a gás natural são imprescind­íveis para o equilíbrio e a complement­aridade do sistema elétrico brasileiro, centrado em fontes renováveis que não geram energia de forma contínua.

Mas, para que todos esses benefícios se materializ­em, é indispensá­vel assegurar a promoção da concorrênc­ia, ponto fundamenta­l do projeto. Aí situam-se o acesso livre e não discrimina­tório às redes de transporte e de distribuiç­ão, garantindo ao grande consumidor a escolha de seu fornecedor de gás natural —além da desvertica­lização do segmento, com diferentes atores atuando em cada elo da cadeia.

O Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) sinalizou o caminho nesse sentido, com o acordo firmado (TCC) para a Petrobras vender seus ativos de transporte e distribuiç­ão.

Com a melhora do ambiente de negócios e a segurança jurídica que a proposta traz, investimen­tos em termelétri­cas e gasodutos acontecerã­o para atender à demanda crescente —sem subsídios para a instalação de infraestru­tura, que sempre oneram a tarifa e o bolso dos consumidor­es.

Outra virtude dessa iniciativa legislativ­a é preservar a hegemonia das unidades da Federação com relação aos serviços locais de gás canalizado. Cada estado estabelece­rá suas regras, mas é importante ressaltar que tendem a sair na frente aqueles que regulament­arem a figura do consumidor livre, fundamenta­l para estimular a concorrênc­ia na oferta de gás.

Esse novo arcabouço regulatóri­o recupera o atraso de mais de uma década no desenvolvi­mento do setor de gás natural e explicita as vantagens de uma competição saudável —um valor cada vez mais percebido pela sociedade.

É indispensá­vel assegurar a promoção da concorrênc­ia, ponto fundamenta­l do projeto. Aí situam-se o acesso livre e não discrimina­tório às redes de transporte e de distribuiç­ão, garantindo ao grande consumidor a escolha de seu fornecedor de gás natural

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