Entenda o afastamento de Wilson Witzel
Do que a PGR acusa
Witzel? Os investigadores afirmam que, a partir da eleição de Witzel, estruturou-se uma organização criminosa dividida em três grupos, representados por quatro empresas, que disputavam o poder no governo do estado mediante o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos. Liderados por empresários, a PGR afirma que esses grupos lotearam algumas das principais pastas estaduais para implementar esquemas que beneficiassem suas empresas. Segundo a investigação, a organização obtinha recursos financeiros por meio do direcionamento de licitações de organizações sociais. Essas empresas e seus fornecedores, segundo a PGR, abasteciam uma “caixinha de propina” para os envolvidos no esquema de corrupção no governo. Uma das operações suspeitas foi a contratação da OS Iabas para gerir os hospitais de campanha. De acordo com os investigadores, a Iabas contribuiu com a “caixinha de propina”. Em troca do apoio do governador, segundo o Ministério Público, os empresários firmavam contratos fictícios com o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, o que permitia a transferência indireta de valores pagos por empresários a Witzel. Segundo a PGR, a organização liderada por Witzel repetiu esquema criminoso praticado pelos últimos dois exgovernadores do estado, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, por isso o nome da operação deflagrada na sexta
(28), Tris in Idem.
Em sua delação, o exsecretário de Saúde Edmar Santos afirmou que os recursos desviados da Saúde iam para um caixa único e um montante de 20% era destinado a Witzel. Segundo Santos, outros 20% eram destinados ao pastor Everaldo, presidente do PSC.
Quais os crimes investigados?
Segundo a decisão do ministro do STJ Benedito Gonçalves que afastou Witzel do cargo por 180 dias, há indícios suficientes de autoria do governador e dos investigados que foram alvo de mandados quanto aos crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Nesta quarta (2), 14 magistrados da corte especial do STJ votaram para referendar a decisão de Gonçalves.
Por que o vice-governador e o presidente da Alerj foram alvo de buscas?
Com base na delação do ex-secretário, a PGR suspeita que o vice,
Cláudio Castro (PSC), que assumiu o governo interinamente e tem se aproximado dos Bolsonaro, e o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), tenham participado de um esquema de desvio dos duodécimos da Assembleia (valores repassados pelos governos para o custeio das assembleias, como prevê a Constituição). A informação foi revelada pelo jornal O Globo. O ex-secretário, contudo, não relatou encontros com Castro, apenas com Ceciliano. Também não há informações sobre movimentações financeiras suspeitas dos dois.