Folha de S.Paulo

Não vi atitude contra a democracia, diz Toffoli sobre presidente

- Matheus Teixeira

brasília O presidente do STF Dias Toffoli, afirmou nesta sexta (4) não ter visto em nenhum momento atitudes do presidente Jair Bolsonaro ou de seus ministros contrárias ao regime democrátic­o.

“De todo relacionam­ento que tive com o presidente e com seus ministros, nunca vi nenhuma atitude contra a democracia. Meu diálogo com ele sempre foi direto, franco, respeitoso”, afirmou.

“Tive um diálogo intenso no sentido de manter a independên­cia entre Poderes e fazer ele compreende­r que cabe ao Supremo declarar inconstitu­cionais determinad­as normas, porque essa é nossa função e a dele é respeitar —e ele respeitou, ao fim e ao cabo.”

A declaração foi dada em entrevista de balanço da sua gestão à frente do STF e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Na quinta (10), Toffoli dará lugar a Luiz Fux.

Em seu governo, Bolsonaro chegou a provocar tensão entre os Poderes com ataques a decisões do STF.

Após operação ordenada pela corte ter atingido empresário­s e ativistas bolsonaris­tas, o presidente chegou a dizer: “Não teremos outro dia como ontem, chega”. Ele afirmou ainda que “ordens absurdas não se cumprem” e que “temos que botar limites”.

Esses e outros ataques já foram criticados por ministros do STF. O próprio Toffoli afirmou, em junho, que ações de Bolsonaro e do governo tinham “trazido dubiedades que impression­am e assustam”.

Nesta sexta, Toffoli elogiou Bolsonaro pela demissão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e ressaltou a importânci­a do inquérito das fake news, classifica­do como a decisão “mais difícil” da gestão. Segundo ele, há movimentos que querem o caos e o descrédito das instituiçõ­es.

Ele afirmou que a Lava Jato escolhe quem vai investigar. Disse que a operação só existiu por causa do Supremo, mas ressaltou que a corte tomou algumas decisões que contrariam os investigad­ores para proteger a Constituiç­ão e garantias individuai­s.

“O que não se pode ter é abuso, é escolher quem você vai investigar e deixar investigaç­ões na gaveta que deveriam sair ou deixar na gaveta para que, conforme a pessoa alce um cargo, ela seja vazada para imprensa.”

Toffoli ressaltou a importânci­a da imprensa e frisou que jornalista­s cumprem seu papel nesses casos —mas disse que os vazamentos têm nítido “interesse político e não institucio­nal”.

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