Não vi atitude contra a democracia, diz Toffoli sobre presidente
brasília O presidente do STF Dias Toffoli, afirmou nesta sexta (4) não ter visto em nenhum momento atitudes do presidente Jair Bolsonaro ou de seus ministros contrárias ao regime democrático.
“De todo relacionamento que tive com o presidente e com seus ministros, nunca vi nenhuma atitude contra a democracia. Meu diálogo com ele sempre foi direto, franco, respeitoso”, afirmou.
“Tive um diálogo intenso no sentido de manter a independência entre Poderes e fazer ele compreender que cabe ao Supremo declarar inconstitucionais determinadas normas, porque essa é nossa função e a dele é respeitar —e ele respeitou, ao fim e ao cabo.”
A declaração foi dada em entrevista de balanço da sua gestão à frente do STF e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Na quinta (10), Toffoli dará lugar a Luiz Fux.
Em seu governo, Bolsonaro chegou a provocar tensão entre os Poderes com ataques a decisões do STF.
Após operação ordenada pela corte ter atingido empresários e ativistas bolsonaristas, o presidente chegou a dizer: “Não teremos outro dia como ontem, chega”. Ele afirmou ainda que “ordens absurdas não se cumprem” e que “temos que botar limites”.
Esses e outros ataques já foram criticados por ministros do STF. O próprio Toffoli afirmou, em junho, que ações de Bolsonaro e do governo tinham “trazido dubiedades que impressionam e assustam”.
Nesta sexta, Toffoli elogiou Bolsonaro pela demissão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e ressaltou a importância do inquérito das fake news, classificado como a decisão “mais difícil” da gestão. Segundo ele, há movimentos que querem o caos e o descrédito das instituições.
Ele afirmou que a Lava Jato escolhe quem vai investigar. Disse que a operação só existiu por causa do Supremo, mas ressaltou que a corte tomou algumas decisões que contrariam os investigadores para proteger a Constituição e garantias individuais.
“O que não se pode ter é abuso, é escolher quem você vai investigar e deixar investigações na gaveta que deveriam sair ou deixar na gaveta para que, conforme a pessoa alce um cargo, ela seja vazada para imprensa.”
Toffoli ressaltou a importância da imprensa e frisou que jornalistas cumprem seu papel nesses casos —mas disse que os vazamentos têm nítido “interesse político e não institucional”.