Vários planos tentaram, em vão, conter a inflação segurando os preços
CRUZADO
Quando: 28 de fevereiro de 1986
Presidente: José
Sarney (PMDB)
O que foi: a principal marca foi o congelamento de preços. Alimentos, combustíveis, produtos de limpeza, serviços e até o dólar tiveram os preços tabelados pelo governo. A moeda também mudou: abandonou-se o cruzeiro e adotou-se o cruzado (1.000 cruzeiros = 1 cruzado). O diagnóstico era que a inflação no país era inercial, ou seja, os preços eram reajustados tentando recompor a inflação passada, criando uma espiral de aumentos. O congelamento seria um dos instrumentos para quebrar essa lógica. Acabou sendo o único.
Sem redução dos gastos do governo, a demanda cresceu, e o consumo explodiu. Em pouco tempo, passou a faltar produtos nos supermercados, e o governo lançou mão até da “desapropriação” de bois no pasto para tentar atender o consumidor. Expirou no segundo semestre de 1986
CRUZADO 2
Quando: 22 de novembro de 1986
Presidente: José
Sarney (PMDB)
O que foi: a principal marca foi a tentativa de controlar o consumo e o deficit público, com o aumento de tarifas e de impostos. Automóveis foram reajustados em 80%, o combustível, em 60%, e a energia elétrica, em 35%. Os demais preços continuariam congelados, mas a população já pagava ágio para comprar alguns itens que haviam sumido do mercado, como carne. A tentativa de ajuste não duraria muito tempo
BRESSER
Quando: 12 de junho de 1987
Presidente: José
Sarney (PMDB)
O que foi: faz novo congelamento de preços, dessa vez com validade de três meses. Extingue o gatilho, criado no
Cruzado, que aumentava os salários sempre que a inflação chegasse a 20%. Desvaloriza, de imediato, a taxa de câmbio em
10%, com o objetivo de aumentar as exportações. O pacote previa ainda um corte no deficit público, que não foi adiante. Sem respaldo, o ministro Luiz Carlos Bresser Pereira deixa a Fazenda em dezembro, com a inflação em 363%.
PLANO VERÃO
Quando: 16 de janeiro de 1989
Presidente José
Sarney (PMDB)
O que foi: o governo
Sarney anuncia o terceiro congelamento de preços, dessa vez com prazo indefinido, e troca a moeda para o cruzado novo. Também eleva os juros e propõe corte de gastos. Tenta eliminar a correção monetária extinguindo as OTNs (Obrigação do Tesouro Nacional), porém em poucos meses, com a persistência da escalada da inflação, um novo índice de reajuste para contratos foi criado.
Aos poucos, os preços são descongelados, e a inflação vai a 1.972% ao fim do ano
COLLOR 1
Quando: 16 de março de 1990
Presidente: Fernando
Collor de Mello (PRN)
O que foi: a moeda troca de nome e volta a se chamar cruzeiro, dessa vez sem corte de zeros. A principal marca do plano foi o “confisco” das poupanças, contas correntes e outros ativos financeiros. O diagnóstico era que a inflação deveria ser contida com a limitação brusca de recursos em circulação na economia, com o corte de gastos do governo e dos poupadores. Preços são congelados, salários passam a ser corrigidos pela previsão de inflação do mês seguinte. O governo anuncia ainda que facilitaria a entrada de importados. As medidas levam a economia à retração e abatem a arrecadação de impostos do governo. Ações na Justiça permitem a liberação parcial de recursos bancários, e a inflação volta a acelerar
COLLOR 2
Quando: 31 de janeiro de 1991
Presidente: Fernando
Collor de Mello (PRN)
O que foi: governo anuncia congelamento de preços e contenção de salários. Buscaria ainda medidas para incentivar a produção, afetada no Collor 1.
Para tentar desestimular a indexação, extingue o overnight (aplicações de curtíssimo prazo).
Menos de um mês depois, empresários e trabalhadores já demonstram insatisfação. Sem apoio político, governo não consegue levar adiante plano, e inflação chega ao fim do ano em 472%, com a economia em rota de recessão
PLANO REAL
Quando: 28 de fevereiro de 1994
Presidente: Itamar
Franco (PMDB)
O que foi: Feito em etapas, o plano começou com o lançamento da URV (Unidade Real de Valor), uma transição até a completa adoção de uma nova moeda, o real, que começaria a circular em 1º de julho. O diagnóstico do plano é o mesmo que embasou o Plano Cruzado, de que a raiz da inflação brasileira era inercial. Isto é, os reajustes tentavam recompor as perdas da inflação passada, criando uma espiral de aumentos. Na primeira etapa, todos os preços da economia passaram a ser fixados em URVs, que era corrigida diariamente. Depois, migraram para o real. O alinhamento dos preços evitou o movimento de recomposição de perdas e derrubou a inflação já no primeiro mês. O consumo foi contido com políticas de restrição ao crédito e, com a economia já mais aberta, importados supriram parte do mercado.
Sem congelamento ou choque, o plano foi considerado exitoso e levou à eleição do então ministro da Fazenda, FHC (PSDB), à Presidência