Operações do SoftBank inflaram ações de tecnologia
Transações feitas pela empresa japonesa alimentaram valorização; papéis despencaram nos últimos dias
tóquio, nova york e oslo | financial times O SoftBank adquiriu bilhões de dólares em derivativos de ações americanas, em uma série de transações que alimentaram a alta febril das grandes ações de tecnologia antes do recuo forte da quinta (3) e desta sexta-feira (4), de acordo com pessoas informadas sobre o assunto.
O conglomerado japonês vinha abocanhando opções de ações de tecnologia nos últimos 30 dias em imensa quantidade, alimentando o maior volume de operações já registrado de contratos vinculados a companhias individuais, de acordo com essas fontes.
A incursão agressiva no mercado de opções marca um novo capítulo na trajetória do grande grupo de investimento, que nos últimos anos vem fazendo grandes apostas em startups de tecnologia de capital fechado por meio de seu Vision Fund, cujo capital é de US$ 100 bilhões.
Depois que o tumulto causado nos mercados pelo coronavírus abalou essas apostas, a empresa estabeleceu uma divisão de gestão de patrimônio para investimentos públicos usando capital provido por seu fundador, Masayoshi Son.
Agora, o grupo também investiu pesado em transações com derivativos ligados a alguns desses novos investimentos, o que chocou alguns veteranos do mercado.
“Essas são algumas das maiores operações que vi em meus 20 anos no ramo”, disse um administrador de fundos que opera com derivativos nos EUA. “É um fluxo imenso.”
A disparada na aquisição de opções de compra —derivativos que dão ao investidor o direito a comprar uma ação por um preço predeterminado— vem sendo o principal assunto em Wall Street, porque o tamanho imenso das operações parece ter exacerbado a disparada nos preços das ações de tecnologia nos últimos meses. Em agosto apenas, as ações da Tesla subiram 74%, as da Apple, 21%, e as da Alphabet, controladora do Google, 10%, enquanto a Amazon registrou 9% de alta.
Uma pessoa informada sobre as operações do SoftBank disse que o grupo estava “devorando” opções em uma escala que vem causando nervosismo até em algumas de dentro da organização. “Pessoas foram apanhadas com as calças na mão, pesadamente descobertas. Isso pode continuar.”
O SoftBank se recusou a comentar o assunto.
A Bolsa de tecnologia Nasdaq teve a pior sequência de pregões desde março, quando a pandemia derrubou os mercados globais. Nesta sexta, fechou em queda de 1,3%, após cair 5% durante o pregão. Na quinta caiu 5%.
Segundo analistas, a forte queda é fruto de uma venda generalizada em ações do setor de tecnologia, com destaque para as big techs. Amazon caiu 6,7% nos últimos dois pregões. Facebook, 6,5%, Google, 7,9%, e Apple, 7,95%, perto de perder o posto de mais valiosa do mundo para a Saudi Aramco.
Investidores consideram que o setor estava supervalorizado e viram espaço para realização de lucros, mas não deixam de considerar uma eventual bolha.
O Ibovespa chegou a cair 1,75%, mas fechou em alta de 0,5%, aos 101.241 pontos. O dólar subiu 0,3%, para R$ 5,3080.