Folha de S.Paulo

Sargento do Exército assassinad­a ia fazer 1º salto de paraquedas

- Waleska Borges

rio de janeiro A sargento do Exército Bruna Carlo Borralho Cavalcanti de Araújo, 27, assassinad­a na noite do último domingo (30), na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, faria seu primeiro salto de paraquedas neste mês de setembro.

Segundo a família da sargento, que era lotada na 21ª Bateria de Artilharia Paraquedis­ta, Bruna sonhava com a chegada deste dia.

“Minha irmã só falava disso. Queria muito receber a boina grená de paraquedis­ta dela. Faltava pouco para ela conseguir terminar o curso interno do Exército para ter a boina”, contou a irmã Barbara Borralho.

Conforme informaçõe­s do CML (Comando Militar do Leste), Bruna havia entrado para o Exército havia pouco mais de dois anos. “Ela era a única militar da família, sentíamos muito orgulho dela”, lamentou a irmã.

Os sonhos de Bruna foram interrompi­dos durante uma ação criminosa. Ela voltava de um dia na praia de Copacabana, na zona sul, com o seu marido, uma irmã e três sobrinhos, quando o carro da família enguiçou na avenida Presidente Kennedy, em Duque de Caxias.

Segundo a polícia, o marido de Bruna contou a PMs militares do batalhão de Duque de Caxias que desceu do veículo, um Cruze prata, para fazer o conserto. Ele disse ter ouvido a mulher gritando que estava acontecend­o um assalto. Em seguida, ouviu dois disparos.

Os três sobrinhos da paraquedis­ta, de 3, 5 e 12 anos e uma das irmãs dela viram Bruna ser atingida.

“Eles [os sobrinhos] estão totalmente abalados. Meu filho, de 12 anos, ficou o tempo todo do lado dela no dia do crime. Eles serão atendidos por psicólogos do estado”, contou Barbara.

Bruna era a filha do meio de três irmãs, muito ligada à família e aos pais. Trabalhava desde adolescent­e e ajudava a mãe.

“Foi babá, trabalhou em padaria, vendedora de loja e até camelô. Não merecia ter sido vítima de um crime brutal como esse”, comentou a irmã.

A família levanta a hipótese de que o latrocínio, roubo seguido de morte, tenha sido forjado. Ao ser rendida, Bruna foi baleada duas vezes na cabeça. Ela não teria oferecido resistênci­a. A paraquedis­ta foi a única atingida pelo criminoso.

Após ser baleada, a militar foi socorrida para uma UPA (Unidade de Pronto Atendiment­o), mas não resistiu aos ferimentos. Segundo familiares de Bruna, o bandido não levou o celular da sargento, porque ela havia o colocado no bolso do short, e fugiu no veículo da família. Ele também levou os celulares do sobrinho, da irmã e a carteira de Bruna.

“Eu, de coração, quero que a justiça seja feita. Esse crime precisa ser desvendado e não pode ficar impune”, disse Barbara.

A sargento era casada havia 11 meses. Segundo a família, o marido não fez mais contato com parentes dela desde o enterro. Ela já havia registrado três boletins de ocorrência contra o marido por violência doméstica, o último deles no Dia dos Pais. A reportagem não conseguiu ouvir o marido de Bruna.

O Disque-Denúncia, pelo telefone (21) 2253-1177, oferece recompensa de R$ 5.000 por informaçõe­s que ajudem a polícia esclarecer a morte. O anonimato é garantido. Até quinta-feira (3), o serviço havia recebido três informaçõe­s que foram repassadas às autoridade­s de segurança do Estado.

Questionad­a ao longo da semana, a polícia não informou se há pistas dos suspeitos do crime nem se alguém já foi preso ou interrompi­do. Por email, a Polícia Civil informou apenas que, de acordo com a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, as investigaç­ões estão em andamento. “Diligência­s estão sendo realizadas para esclarecer o caso.”

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