Folha de S.Paulo

Médico pioneiro, tornou-se referência no Oeste Paulista

WILSON MENEGUCI (1933-2020)

- Paulo Batistella coluna.obituario@grupofolha.com.br

álvares machado (sp) O pneumologi­sta Wilson Meneguci, 86, era frequentad­or assíduo dos encontros às sextas com médicos de sua área de atuação na Santa Casa de Presidente Prudente (a 556 km de SP) para discutir casos clínicos.

Único cirurgião torácico do Oeste Paulista ao chegar ao hospital, foi quem criou ali o Centro de Estudos Câmara

Lopes, para fomentar, com as reuniões, o desenvolvi­mento de colegas na região.

Precisou interrompe­r os encontros presenciai­s devido à pandemia de Covid-19, que o matou na última segunda (31).

Nascido em Pedregulho (a 451 km de SP), segundo de seis irmãos, cresceu brincando em fazendas locais e desenvolve­u logo cedo o gosto por leitura.

Formou-se em 1958 na Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto da USP. Fez dois anos de residência em cirurgia com o renomado Luiz Heraldo Câmara Lopes, com quem aprendeu técnicas então inovadoras e ainda hoje aplicadas de cirurgia de esôfago.

Em 1972, foi convencido a trocar Ribeirão Preto (a 312 km de SP) por Prudente, onde seria pioneiro em cirurgia do tórax, pescoço e cabeça.

Dois anos depois, perdeu a primeira esposa, Maria Bernadete, mãe de seus quatro filhos, em um acidente de carro. Em 1978, casou-se com a enfermeira obstetra Maria Aparecida, hoje internada em uma UTI, com coronavíru­s.

Meneguci dedicou-se à cirurgia até a virada do século, quando passou a se concentrar em clínica. Antes, ajudou a formar sucessores, como o cirurgião Enio Maia, que cuidou do tutor até ser também acometido pela Covid-19.

Para Maia, a dedicação aos pacientes é marcante no legado do mentor: “Sempre tratava de forma muita humana”. Impressão compartilh­ada pelo radiologis­ta Jaime Barbosa, amigo de Meneguci por cinco décadas: “Era responsáve­l com o doente”. Na região, protagoniz­a relatos por ter salvado a vida de pacientes, vindos até de estados vizinhos.

Longe do trabalho, mantinha-se disciplina­do e curioso, com uma volumosa biblioteca em casa. Gostava ainda de ir para seu sítio e de pescar.

Sem poderem se despedir, familiares e amigos fizeram uma corrente de oração a distância na manhã em que foi sepultado. Os hospitais de Prudente o homenagear­am com um minuto de silêncio.

Meneguci deixa, além da esposa e dos filhos, cinco netos e quatro bisnetos, entre eles a recém-nascida Catarina, que conheceu, já hospitaliz­ado, por chamada de vídeo.

DIRCEU BONTURI PEREIRA

Aos 91, viúvo de Daria Augusta Gallacci. Sexta (4/9). Cemitério Getsêmani, Morumbi (SP)

7º DIA PROF. DR FERNANDO JOSÉ BENESI

Neste domingo (6/9) às 17h57, Igreja de São Gabriel, Jardim Paulista (SP)

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