Folha de S.Paulo

Incêndio na Chapada dos Guimarães já consumiu área de quase 38 Ibirapuera­s

- Pablo Rodrigo

cuiabá Um ano após se recuperar de um dos maiores incêndios de sua história, quando teve mais de 50 mil hectares destruídos pelo fogo, o município de Chapada dos Guimarães (a aproximada­mente 65 km de Cuiabá), volta a ser devastado pelo fogo. Só na última semana, cerca de 6.000 hectares foram queimados.

O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, que faz parte do município, também foi atingido. O fogo, que começou no dia 19 de agosto e ainda não foi totalmente controlado, já consumiu uma área equivalent­e a quase 38 parques Ibirapuera­s.

No momento, cerca de 60 pessoas atuam no combate aos incêndios, entre bombeiros, militares do Exército, brigadista­s da prefeitura do município de Chapada dos Guimarães e voluntário­s.

De acordo com a tenentecor­onel Sheila Santana, uma pequena chuva na última terça-feira (1º) ajudou a amenizar um pouco o fogo na região.

“O combate indireto se mostrou efetivo na trilha Tope de Fita, pois após esse combate, foi possível confinar e controlar a cabeça do incêndio que se dirigia para o parque nacional. As equipes permanecem no local para monitorame­nto de reignições”, afirmou a tenente-coronel.

Apesar disso, ainda há focos de incêndio na parte superior do parque nacional, conhecida pelo mirante Alto do Céu e pelo Vale da Bênção, mas que estão sendo controlado­s pelos brigadista­s.

Dados do Instituto Centro de Vida (ICV) apontam que 9.250 hectares de mata já foram atingidos pelo fogo em Chapada dos Guimarães desde o início do ano: 7.681 hectares em área de proteção ambiental, sendo 4.800 hectares na última semana, 1.073 hectares no Parque Nacional e 496 hectares na estrada do parque.

Os dados são da plataforma Global Fire Emissions Database, da Nasa, a agência espacial americana, e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O coordenado­r de inteligênc­ia territoria­l do ICV, Vinícius Silgueiro, afirma que é preciso manter alerta máximo para que o fogo não tome proporções alarmantes como ocorreu no ano passado.

“As autoridade­s e todos nós temos que estar atentos para que isso não fuja do controle e aconteça como no ano passado, quando mais 50 mil hectares foram destruídos”, lembra.

Segundo Silgueiro, apesar de o cerrado ter uma capacidade de regeneraçã­o maior que a floresta amazônica, por exemplo, a flora da região não aguentaria dois anos consecutiv­os de incêndios de grandes proporções.

“O cerrado se adapta muito bem [às queimadas]. Porém dois anos seguidos de incêndios em grandes proporções seriam um desastre ambiental para o parque”, diz.

Segundo dados do Inpe, entre 1º e 31 de agosto de 2020 foram registrado­s 10.430 focos de incêndio no estado. Em agosto de 2019, o volume foi de 8.030, o que representa incremento de 29,9%.

 ?? Frank Eduardo/Divulgação ?? Focos de incêndio na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Frank Eduardo/Divulgação Focos de incêndio na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil