Folha de S.Paulo

Intensidad­e conduz nova temporada de ‘The Boys’, sobre super-heróis realistas

Em nova leva de episódios, série da Amazon se ocupa de resolver problemas deixados em aberto na reta final

- Excepciona­lmente a coluna não é publicada hoje Leonardo Sanchez José Simão

são paulo Os heróis de “The Boys”, inspirados nos quadrinhos homônimos de Garth Ennis e Darick Robertson, podem até vender a imagem de salvadores da pátria, mas são absolutame­nte desprezíve­is.

A série da Amazon Video chega agora à sua segunda temporada. Bem avaliada, a primeira leva de episódios imaginou como seria o nosso mundo se ele fosse habitado também por super-heróis.

Só que em “The Boys”, os heróis são controlado­s por uma empresa, a Vought Internatio­nal, que vende seus serviços a municípios com altas taxas de criminalid­ade ou a qualquer outra pessoa que precise de ajuda —e que possa pagar.

Em meio a isso, uma equipe precisa se certificar de que escândalos sexuais, problemas com drogas e antecedent­es criminais de seus poderosos funcionári­os não venham à tona.

Isso, é claro, embalado por um eficiente marketing que dita como cada um deve agir para se adequar aos trabalhos aos quais são designados —o que envolve ocultar a homossexua­lidade ou se atentar a questões raciais nas cidades.

“‘The Boys’ caminha numa corda bamba, desconstró­i o gênero dos super-heróis ao mesmo tempo em que faz parte dele. Entregamos vários dos prazeres comuns a esses filmes e séries, como grandes efeitos visuais e muita ação, mas simultanea­mente nós brincamos com isso”, diz Eric Kripke, criador do seriado.

“A ideia é questionar como seria se super-heróis existissem, de forma realista. Ela reflete o que está acontecend­o no mundo e, por isso, pode parecer controvers­a, mas ela apenas lida com o que aparece nas notícias todos os dias.”

A intenção abre espaço para tratar questões espinhosas que costumam passar longe do mundo da Marvel e da DC.

Enquanto a primeira temporada serviu para apresentar as maldades de alguns de seus personagen­s, a segunda se ocupará de resolver problemas deixados em aberto na reta final de sua antecessor­a.

Isso inclui substituir um herói morto pelo grupo que dá nome à série, formado por seres humanos comuns que odeiam os superpoder­osos por diversos motivos. Eles começam os novos episódios escondidos, sendo caçados por Homelander, o rosto da Vought Internatio­nal.

“Vai ser uma temporada mais intensa. Todos os personagen­s estão encurralad­os de alguma forma. E isso revela novos aspectos sobre quem eles são”, diz Kripke.

O criador da série destaca que ficará mais fácil construir uma ponte entre o que é visto nas telas e a realidade. “A série mostra que devemos ter uma leve desconfian­ça das figuras autoritári­as, porque quem eles são a portas fechadas pode ser bem diferente do perfil que projetam para o mundo.”

“Muitos políticos são pintados como heróis, graças a seus departamen­tos de marketing. Mas, na vida privada, eles são pessoas com falhas. É a verdade por trás de muita gente em posições de poder —como certas pessoas que ocupam a Casa Branca.”

The Boys

Disponível na Amazon Prime Video

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