Chamado de ‘judas’ por Mario Frias, Adnet se torna alvo da Secom
Em resposta, humorista disse no Twitter que governo não aguenta ‘uma sátira que vem chorar no perfil oficial’
são paulo Marcelo Adnet se tornou alvo de ofensas da Secretaria de Comunicação, a Secom, e do secretário especial da Cultura, Mario Frias, durante o fim de semana. O motivo da briga foi uma paródia cômica feita pelo humorista inspirada no vídeo do governo federal que deu início à série “Um Povo Heróico”.
Mario Frias usou as redes sociais, na noite da sexta-feira, para chamar o humorista de “garoto frouxo e sem futuro”, “criatura imunda” e “judas”.
“Não respeitou a própria esposa traindo a pobre coitada em público por pura vaidade e falta de caráter”, arrematou Frias, que concluiu o post perguntando “quem em sã consciência consegue conviver no mundo real com um idiota egoísta e fraco como esse?”. “Onde eu cresci ele não durava um minuto. Bobão!”
O vídeo satirizado por Adnet
é protagonizado por Frias, que fez carreira como ator da Globo, e louva em tom grandiloquente a história do país.
Nele, o secretário aparece aparece parafraseando o hino nacional. “A verdade é que somos um povo heroico e encaramos com um brado retumbante o destino que nos encara”, ele declama em cena.
No sábado, a Secom do governo Bolsonaro afirmou no Twitter que “infelizmente, há quem prefira parodiar o bem e fazer pouco dos brasileiros”.
O perfil oficial do órgão escreveu, ao lado de uma fotografia de Adnet, mas sem mencionar seu nome, que não imaginava que a campanha lançada nesta semana em celebração do Dia da Independência “causaria reações maldosas, carregadas de desprezo por brasileiros simples, mas imensamente bondosos”.
Na série que vem produzindo na quarentena, “Sinta-se em Casa”, Adnet parodiou o secretário numa imitação do quadro “Arquivo Confidencial”, apresentado por Faustão.
No Twitter, o humorista rebateu a Secom. “Se elegeram sob a bandeira do fim do mimimi e do politicamente correto, mas não aguentam uma sátira que vêm chorar no perfil oficial! A crítica não é ao povo, não força a barra, é ao governo federal, que em vez de trabalhar prefere perseguir seus próprios cidadãos.”
A discussão se estendeu ao longo do sábado. Ao responder a uma crítica do deputado estadual Flavio Serafini, do PSOL, Frias fez uma referência à Polícia Federal.
“Cuidado com a PF...”, ele tuitou, depois de o deputado da oposição dizer que o secretário foi “nomeado porque nenhum artista quis queimar seu filme ao lado de Bolsonaro”.