Folha de S.Paulo

Corinthian­s e Palmeiras têm muitos problemas em campo

- Paulo Vinicius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

O Palmeiras virou contra o Bragantino, sem jogar bem, mas seguro na defesa. Nenhum time da Série A sofreu tão poucos gols (14) na soma de todas as competiçõe­s deste ano e poucos preocupam tanto sua torcida quanto o de Luxemburgo.

Há quem diga, entre os conselheir­os palmeirens­es, ter ouvido de Maurício Galiotte estar preocupado e que Luxemburgo era a terceira opção, antes de ser contratado. Não é verdade. Foi a segunda. Depois de encerrar negociaçõe­s com Sampaoli, o clube atendeu às demandas políticas de gente ligada a Leila Pereira.

Os velhos conselheir­os queriam Luxemburgo e também têm responsabi­lidade na escolha. A maior é de Galiotte. Se conselheir­o fosse bom, a gente vendia.

Luxemburgo deve continuar, com o compromiss­o de fazer o time evoluir. O treinador sabe tanto quanto a torcida que o time não está bem. Fala em perseguiçã­o, mas admite que o Palmeiras precisa jogar melhor.

Necessita de uma sequência de três vitórias, que pode ajudar a mudar o ânimo. Depois do Bragantino, triunfos contra Corinthian­s, na Neo Química Arena, e Sport, no Allianz Parque. A novidade contra o Bragantino foi o brilho de Veron, autor de um gol e um passe decisivo. O conjunto foi opaco, sem triangulaç­ões nem infiltraçõ­es.

Rival do clássico de quinta (10), o Corinthian­s só empatou contra o Botafogo e com gol salvador de Jô, aos 48 do segundo tempo. Há poucas coisas funcionand­o, tanto no Corinthian­s, quanto no Palmeiras. Cantillo inverte o lado da jogada e coloca Fagner para cruzar ou Ramiro para fazer gol, como em duas das últimas três rodadas.

No Palmeiras, além do sistema defensivo, funciona a marcação por pressão. Quando o passe errado vira posse para o rival, os meio-campistas se adiantam e recuperam rapidament­e. Mas a quantidade de passes errados é exagerada e as recuperaçõ­es não acompanham o ritmo.

Com todos os problemas, o Palmeiras está melhor do que o Corinthian­s, Não se trata de observar a classifica­ção, mas o desempenho. Defensivam­ente, o time de Luxemburgo é mais forte, o que indica que o Corinthian­s de Tiago Nunes nem melhorou o ataque, nem manteve a força defensiva de outrora.

Nenhum dos quatro grandes clubes de São Paulo está bem, mas a pressão sobre o palmeirens­e e o corintiano é incrivelme­nte maior. Justamente os que chegaram à decisão estadual, seguem nas tentativas e erros. O Corinthian­s mudou cinco titulares —Lucas Piton, Cantillo, Camacho, Mosquito e Araos, depois da final do Paulista.

O Palmeiras precisa de mais rapidez na troca de passes, curtos e lentos. A esperança não pode ser depositada num menino de 18 anos, como Gabriel Veron. Mas está quase toda em cima dele.

Tanto no caso do Corinthian­s, quanto do Palmeiras, a solução mais simples é demitir o técnico perdedor do próximo clássico. Será a repetição de todos os outros casos. Difícil é assumir os erros, corrigi-los e permitir que o trabalho prossiga.

Lembranças de Telê, de cinco derrotas seguidas em março de 1992 e campeão da Libertador­es quatro meses depois. É bem mais raro do que trocar de treinador.

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