Folha de S.Paulo

Claude Troisgros abre casa em SP de olho em criar império na cidade

Dono de sete casas no Rio, chef quer expandir seus negócios na capital paulista

- Marina Consiglio

Atrapalhad­a pela pandemia do novo coronavíru­s, uma das estreias gastronômi­cas mais aguardadas do ano aconteceu: Claude Troisgros está de volta a São Paulo.

Desde quarta-feira (16), as portas do seu Chez Claude, no Itaim Bibi, estão abertas ao público —pelo menos para aqueles que se adiantaram. Com o salão reduzido e a obrigatori­edade de reservas para evitar filas e aglomeraçã­o, a casa só tem agenda agora para o começo de novembro.

A última empreitada do franco-brasileiro na capital paulista teve fim em 1992, quando vendeu sua parte na sociedade do antigo Roanne para o chef Emmanuel Bassoleil e foi abrir o badalado C.T. Restaurant em Nova York, onde ficou até 1996. Depois voltou ao Rio de Janeiro, sua cidade do coração, e deu continuida­de ao seu império gastronômi­co —que, agora, começa a trazer a São Paulo.

Atualmente, são sete os negócios comandados pelo chef e por sua família no Rio. Além do estrelado Olympe, há também o Le Blond, a CT Brasserie, a CT Boucherie e a CT Boucherie Leblon, o Ateliê Troisgros e o Chez Claude.

A unidade paulistana do Chez Claude (que significa casa do Claude em francês) segue o modelo carioca, com menu enxuto, clima descontraí­do e uma cozinha, literalmen­te, no meio do salão. A ideia, afirma Troisgros, que almoçou com o Guia no espaço, é fazer com que o público se sinta em casa.

As sugestões do chef para a

Karê tonkatsu do menu da casa refeição incluíram o ceviche de cavaquinha, flocos de milho, palmito pupunha e caviar (R$ 48). Ao perguntar qual bebida ele indicaria para acompanhar, dá uma resposta animada —“caipirinha!”.

No final, Troisgros pediu ao barman que preparasse uma receita que havia inventado no dia anterior. “Não tem nome, vamos chamar de ‘drinque de ontem’”, brinca. Feito com Chartreuse (um licor francês), rum, absinto, manjericão e cardamomo, o coquetel vai entrar no cardápio e ganhou o nome de Yesterday.

Enquanto se beberica um coquetel ou uma taça de vinho na mesa, é possível apreciar todo o balé da cozinha até que a comida chegue. Diferentem­ente de um restaurant­e mais tradiciona­l, as porções não chegam empratadas, mas em panelinhas, para que os comensais possam se servir e compartilh­ar com amigos.

Há ainda um baldinho com talheres sobre as mesas para facilitar a missão. Um estilo que o chef define como “bem carioca” e que lembra o de casas como o Pipo, de Felipe Bronze, outra importação do Rio de Janeiro. “Eu quero que a pessoa venha para cá e possa se divirtir”, diz.

O menu traz clássicos de Troisgros e pratos exclusivos da capital paulista. É possível degustar receitas famosas, caso do Ovo & Caviar Clarisse, na qual uma cerâmica em formato oval comporta ovo mexido coberto por caviar acompanhad­o de farinha panko (R$ 42), e do peixe com banana carameliza­da e molho de passas (R$ 84). Mas há também novidades, como a picanha com folhas de batata e molho bordelaise (R$ 68).

Também se destaca o bar, com carta assinada por Esteban Ovalle, na qual há drinques como o Chez Claude SP, uma releitura do moscow mule feita com saquê, suco de limão, espuma de lichia com wassabi e angostura (R$ 28). Ele também tem um cardápio próprio de comes, com itens como o polvo no vinagrete de tucupi e biju de milho (R$ 28).

Nesta nova incursão pelo território paulistano, Troisgros não chegou sozinho. Trouxe consigo o Do Batista —restaurant­e de delivery de comida do dia a dia assinado pelo seu braço-direito, o chef Batista— e o filho cozinheiro, Thomas, que irá se responsabi­lizar pela qualidade dos novos negócios da família.

“Sempre deve haver um Troisgros na casa”, afirma o chef. Quem chefia a rotina da cozinha do Chez Claude é Carol Albuquerqu­e, ex-Maní.

E, sim, negócios. No plural. Isso porque o Chez Claude é o primeiro do clã Troisgros a abrir as portas em um imóvel que até o próximo ano irá abrigar os futuros empreendim­entos da família em São Paulo, frutos de um relacionam­ento com o restaurate­ur Marcelo Magalhães, um dos responsáve­is por outro pequeno império gastronômi­co, o do grupo Nino, cujas panelas operam sob batuta do italiano Rodolfo de Santis.

Chez Claude SP R. Professor Tamandaré Toledo, 25, Itaim Bibi, região sul, tel, 30714228. 48 lugares. Seg. a sex.: 11h30 às 15h30 e 18h às 22h. Sáb.: 12h às 17h e 19h às 22h. Dom.: 12h às 20h.

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Fotos Tati Frison/Divulgação Área interna do Chez Claude, restaurant­e que o chef Claude Troisgros acaba de abrir em São Paulo
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Ovo & Caviar Clarisse, com ovo mexido coberto por caviar acompanhad­o de farinha panko
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Picanha com folhas de batata e molho bordelaise, uma das novidades do chef
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Rafael Salvador/Divulgação

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