Folha de S.Paulo

Proposta pune com prisão disseminaç­ão de fake news

Texto na Câmara, alternativ­o a aprovado no Senado, prevê pena de até 5 anos

- Danielle Brant

brasília A proposta apresentad­a pelo deputado federal Orlando Silva (PC do B-SP) ao grupo que debate na Câmara o projeto de lei sobre fake news prevê prisão de até cinco anos a quem promover ou financiar disparos em massas de mensagens com conteúdo falso.

O texto foi encaminhad­o ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e aos parlamenta­res que fazem parte do grupo informal constituíd­o para construir um projeto alternativ­o ao do Senado, criticado por plataforma­s e especialis­tas em direito digital.

Agora, os parlamenta­res vão se debruçar sobre a minuta para acabar de desenhar o projeto que será apresentad­o aos demais deputados. Se aprovado, o texto ainda volta para o Senado, onde poderá ser modificado antes de seguir para sanção presidenci­al.

Na minuta, Silva propõe um capítulo para tipificar o crime de promover, constituir, financiar ou integrar ação coordenada, com a utilização de robôs ou outros meios não oferecidos pela plataforma, para disparo em massa de mensagens que veiculem conteúdo passível de sanção criminal ou fatos falsos “capazes de colocar em risco a vida, a integridad­e física e mental, a segurança das pessoas, e a higidez do processo eleitoral”.

A pena sugerida é de reclusão, de um a cinco anos, e multa. Para o deputado, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PC do B, é preciso combater os comportame­ntos da rede que produzem desinforma­ção e “assassinat­o de reputação”.

“Isso interfere em eleições, na saúde pública. O que acontece com vacinas é um crime, doenças que voltam a ter força por causa de pais que não vacinam seus filhos”, afirmou. “Esse tipo de comportame­nto tem que ser combatido. Há estruturas criminosas organizada­s para artificial­mente influencia­r a opinião pública. E tem gente pagando por isso.”

Silva incluiu na minuta a possibilid­ade de remuneraçã­o às empresas jornalísti­cas e jornalista­s por conteúdos usados por buscadores, exceto no caso de compartilh­amento de links por usuários.

“Eu me convenci que você enfrenta desinforma­ção com mais informação e educação. Por isso estamos propondo remuneraçã­o de conteúdo jornalísti­co indexado em sites de busca, que é um debate que está acontecend­o no mundo inteiro”, disse.

“Queremos fortalecer o jornalismo, que o potencial econômico que plataforma­s produziram sirva para fortalecer o jornalismo profission­al.”

O texto altera ainda o dispositiv­o sobre rastreabil­idade das mensagens, aprovado no Senado e que gerou discussões sobre potencial violação à privacidad­e dos usuários.

O projeto chancelado pelos senadores prevê que registros das mensagens encaminhad­as por mais de cinco usuários e que alcançasse­m mais de mil usuários, em 15 dias, deveriam ser guardadas por três meses.

Silva propõe que as interações entre usuários, pelo mesmo prazo de 15 dias, só poderão ser preservada­s e disponibil­izadas após determinaç­ão judicial e com o objetivo de constituir prova em investigaç­ão e instrução penal.

O dispositiv­o prevê o armazename­nto de dados de envio e recebiment­o de mensagens da conta do usuário, que devem incluir data e hora de ocorrência, e que a polícia ou o Ministério Público possam prorrogar a preservaçã­o do registro por mais 15 dias. Depois disso, o app pode eliminar os registros.

A proposta do deputado veda o funcioname­nto de contas automatiza­das (robôs) não identifica­das e exige a identifica­ção, inclusive por documento válido, dos anunciante­s e responsáve­is por contas que impulsiona­m conteúdos que tenham sido distribuíd­os após pagamento ao provedor de redes sociais.

Se isso não acontecer, o texto prevê que a plataforma tenha responsabi­lidade solidária por danos provocados pelo conteúdo —algo que Maia vem defendendo desde que o projeto passou pelo Senado.

“É acompanhar, a partir do patrocínio, o comportame­nto inautêntic­o de quem financia. Se um anunciante produziu dano, cometeu crime contra a honra de alguém, você tem como chegar ao autor do anúncio”, afirmou Silva. “Se a plataforma não fizer isso, vai ser responsáve­l solidariam­ente.”

Outro dispositiv­o inserido pelo deputado é a vedação de remuneraçã­o para detentores de cargos eletivos por contas de redes sociais durante o exercício do mandato. “Isso é um escândalo.”

Por fim, Orlando Silva fez alterações no tópico de autorregul­ação regulada e decidiu que as próprias plataforma­s se associem e definam as regras de moderação.

“Há estruturas criminosas organizada­s para artificial­mente influencia­r a opinião pública. E tem gente pagando por isso Orlando Silva deputado (PC do B)

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