Em marcha lenta se obtém um humano
Todos começamos de uma célula: o zigoto. Camundongo ou elefante, humano ou formiga, a vida animal começa daquela célula. Como se atinge tamanha diversidade final?
Meu negócio é diversidade cerebral, mas sempre há um corpo ao redor. Em matéria de evolução, quem vem primeiro: cérebro maior ou corpo maior?
Um lindo trabalho de neurobiologia comparativa do desenvolvimento de humanos e camundongos acaba de ser publicado na revista Science.
Teresa Rayon e colaboradores do Instituto Francis Crick, no Reino Unido, executaram um trabalho que combina engenharia genética, microscopia quantitativa e biologia celular e molecular, usando embriões humanos descartados, embriões de camundongos gerados em laboratório e células-tronco embrionárias das duas espécies.
Rayon e equipe fizeram o que para mim será uma das descobertas mais fundamentais da biologia: o cérebro de um embrião humano leva mais tempo para se desenvolver, e, nesse tempo, fica maior do que o cérebro de um embrião de camundongo, porque as proteínas humanas são muito mais estáveis do que as do camundongo.
O processo de divisão celular anda conforme umas proteínas são destruídas e outras, novas, produzidas. Quanto mais devagar o revezamento, mais tempo a corrida demora.
O cérebro humano, portanto, é produzido em marcha lenta. O que causa a diferença? Boa pergunta.